domingo, 5 de junho de 2011

BOM DE ESTAMPA 3 - GALERIA



































































GALERIA



Fotos: Marcos Puga

Produção: André Carvalho e Cacá Valente

Apoio: R.Groove e Accopiatta (tricot)

Locação: Pousada Castelinho 38 http://www.castelinho38.com

Esse recorte é apenas o início de um projeto que percorrerá o Rio de Janeiro, revelando as potencialidades humanas, artísticas e turísticas de nosso Estado. Em breve divulgaremos o desdobramento desse primeiro ensaio e o novo ensaio. Aguardem.

http://joakingerrante.blogspot.com/2011/06/bom-de-estampa.html

BOM DE ESTAMPA 2 - GALERIA

































































GALERIA



Fotos: Marcos Puga

Produção: André Carvalho e Cacá Valente

Apoio: R.Groove e Accopiatta (tricot)

Locação: Pousada Castelinho 38 http://www.castelinho38.com/

Esse recorte é apenas o início de um projeto que percorrerá o Rio de Janeiro, revelando as potencialidades humanas, artísticas e turísticas de nosso Estado. Em breve divulgaremos o desdobramento desse primeiro ensaio e o novo ensaio. Aguardem.

http://joakingerrante.blogspot.com/2011/06/bom-de-estampa.html

BOM DE ESTAMPA












































Carioca de porte atlético, com 1.80m de altura, 75 kg de pura musculatura e coberto com uma pele de chocolate. No rosto, um sorriso alvo emoldurado por uma boca carnuda e um par de azeitonas verdes que lhe dá harmonia. Ele chama atenção. Mas, perfis e descobertas como essas não são novidades nesse mundo de fotos e passarela. Modelos de ocasião.

Marlon Diniz é seu nome. O emprego talvez lhe impeça de seguir com a carreira, mas a oportunidade que a natureza divina lhe deu é mais forte e o estimula para novos caminhos. Sabe-se muito pouco sobre ele. O mistério pode ser uma estratégia interessante.

Outros tantos rapazes começaram de forma inesperada a carreira de modelo. Paulo Zulu é um bom exemplo. Descoberto nas areias da praia de Santa Catarina, Zulu foi transportado para as passarelas, capas e páginas de editorias de moda, permaneceu um bom tempo na carreira, expandindo o seu potencial para uma pequena e modesta carreira de ator depois. Recentemente, podemos mencionar Maikel Castro, Daniel Reis e Sean como algumas das revelações nesse mundo fashion. Eles estão aí para provar até onde podem ir, caso desejem seguir a carreira. Haverá vocação para modelo ou bastará apenas uma boa estampa?

Nesse ensaio surpresa, com fotos de Marcos Puga, produção de André Carvalho e Cacá Valente, com roupas das grifes R.Groove e Accopiatta, ambientadas na Pousada Castelinho 38 (http://www.castelinho38.com), ele mostra um pouco do que é capaz... é apostar e confiar.

Esse recorte é apenas o início de um projeto que percorrerá o Rio de Janeiro, revelando as potencialidades humanas, artísticas e turísticas de nosso Estado. Em breve divulgaremos o desdobramento desse primeiro ensaio e o novo ensaio. Aguardem.

domingo, 3 de abril de 2011

Irmãos e Irmãs, fico feliz com a ideia de saber que vocês existem.

Eu já tinha percebido porque gosto de Brothers & Sister. O seriado escancara problemas corriqueiros de uma família comum, mesmo que a família Walker não seja tão comum assim. Às vezes fico imaginando como seria bom ter uma família assim, unida pelos problemas e alegrias, onde existe um “ligamento” maior do que as rígidas convenções familiares. Onde o afeto e o amor são ligações mais profundas que os simples laços sanguíneos. Laços sanguíneos não são tão simples assim.

Ao final de cada episódio, é como se saísse de uma sessão de terapia, muito embora nunca tenha passado por uma, mas imagino como se fosse. Choro. Choro pelo que não tenho, ou pelo que sinto falta. Choro pela diferença e similitude, choro por não atingir o almejado.

Hoje, mais uma vez foi pela falta. A falta que todos estão carecas de saber e que não me envergonho de dizer que sinto. É uma ferida que está cicatrizada, mas que ao leve toque rompe a casquinha superficial, e sangra. São pequenas gotas suficientes para me trazer à mente o que não tenho mais, e o que não terei. Acabou e não tem volta. Vire a página, é o que mais escuto. Siga em frente, é o que me aconselham. Esqueça, é a forma radical. Como se fosse fácil arrancar de você puros sentimentos. Como se fosse fácil ignorar a perda, por mais insignificante para o outro. O reconhecimento do sentimento que o outro tem por você, ou a falta dele, é o que mais amargura. A indiferença e o distanciamento natural que a vida nos proporciona em situações como essas é o que corrói. A insignificância de alguém que foi um dia importante para você parece não ter cura. É não ter mais existência.

Vão comparar o tempo. A duração. O tempo em que tudo aconteceu, e a duração daquele momento. Alguém consegue mensurar o tempo de ser feliz? Alguém consegue estabelecer qual a dose para ser feliz? Um ano, dois, três são suficientes? Há medida para a felicidade? Se você é feliz por dez anos, a sua cota de felicidade já está preenchida e, portanto não precisa mais dela? E se a felicidade é intensa por apenas quatro meses? Há como comparar as felicidades das pessoas? Eu posso ser muito feliz em apenas um dia do que por dez anos.

Mas, aí me vem uma lição que tive ao ler um texto. Li, certa vez, provavelmente de André Comte-Sponville, que a mais profunda e verdadeira declaração de amor é alguém lhe dizer “fico feliz com a ideia de saber que você existe”, pois não lhe pede nada. Diferente da pessoa que lhe diz “eu te amo”, pois nesse caso lhe pede tudo, pois o significado desse amor é ocupar um espaço, a falta dele mesmo. É um sentimento egoísta. Nesse caso, o que você ama, ou deseja, é ocupar um espaço em você, é a posse de algo para satisfazer um sentimento de falta. De um lado Spinoza, do outro Platão.

Recuperei o texto. É realmente de Sponville. E o cito para terminar.

“Só esperamos o que não depende de nós; só queremos o que depende de nós. Só esperamos o que não é; só amamos o que é. Trata-se de operar, portanto, uma conversão do desejo: quando, espontaneamente, como a criança antes do Natal, só sabemos desejar o que nos falta, o que não depende de nós, trata-se de aprender a desejar o que depende de nós (isto é, aprender a querer e a agir), trata-se de aprender a desejar o que é (isto é, a amar), em vez de desejar sempre o que não é (esperar ou lamentar).”

Só se sente falta daquilo que um dia já se teve, por mais que seja a falta do amor de posse e egoísta. E a esperança de se ter de volta é para quem não tem conhecimento da possibilidade da reconquista, portanto, nada animador.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A hora e a vez do Gago

Houve um tempo em que um Gago teve fama conquistada por ações heróicas e sob a alcunha de Coutinho. Gago Coutinho, o velho marinheiro português, falecido em 1959 – um dia após completar 90 anos –, teve como façanha realizar, junto com o seu companheiro Sacadura Cabral, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia. Em 1922, saiu de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro, cidade maravilhosa e maravilhada por ele. Cidade que lhe dedicou nome de rua em retribuição ao carinho e amor que por ela tinha.

Mas a história, hoje, é outra. Agora, é a vez do gago, sim, aquele que é reconhecido pela disfunção neurofisiológica que rompe a fina e precisa sincronia pneumofonoarticulatória necessária para a produção da fala. Confuso, né? Mas tão fácil de identificar. Os gagos estão cada vez mais populares e carismáticos. Não há quem não se encante e solidarize com eles. Há, até, quem compartilhe, temporariamente, a sua disfunção.

Lembrando os personagens gagos que criaram fama, a lista é grande. A começar pelo porquinho atrapalhado e constantemente atormentado pelo Patolino, o Gaguinho, criado pela Looney Tunes em 1935, passando pela personagem de Dirceu Borboleta da novela “O bem amado” (Emiliano Queiroz), e culminando com a personagem que ganhou o Oscar de melhor ator 2011, George VI (Colin Firth) no filme “O Discurso do Rei”. E a lista desses personagens continua com Rui da Silva (José Vasconcelos)da “Escola do Professor Raimundo”, Téo (Marcos Frota) da novela “Vereda Tropical”, Caio Szemanski (Antonio Fagundes) da novela “Rainha da Sulcata”, Fabrício (Murílio Benício) da “Fera Ferida”, e mais recentemente Cristiano (Paulinho Vilhena) da novela “Morde e Assopra”, entre tantos outros.

Saindo da área audiovisual e invadindo a área musical, o curioso, nesse caso, é que os gagos não gaguejam quando cantam. O mais famoso dentre eles foi o cantor Nélson Gonçalves, falecido em 1998.

Mas, muitos sem tanta notoriedade, tornaram-se famosos pela sua gagueira, ou pelo menos, foram impulsionados por ela, graças à mídia. Antes do boom das redes sociais e sites de vídeos, David Brazil alcançou a fama pelo jeito peculiar e simpatia. Deixou a carreira de relações públicas de uma rede de restaurantes e conquistou o patamar de celebridade. A lista não para de crescer se incluirmos os vídeos de gagos anônimos na internet.

E por falar em anônimos, hoje, parece obrigatório incluir um gago na criação de um grupo seleto e diversificado de personagens, seja num reality show ou na própria composição de uma história repleta de tipos diferentes. Essa foi uma das opções, por exemplo, do personagem Fabinho da peça “Clandestinos”. Fabinho, o personagem de um diretor de teatro, ao compor o grupo de personagens para a sua história, chega a pensar em um gago, mas o exclui, exatamente por este motivo e não possibilitar um riso fácil na plateia. Mas o personagem revela-se como um modelo que cansado do estereótipo da profissão se faz passar por um gay que finge ser gago... confuso, mas, mais uma vez, divertido.

A gagueira dá tão certo que acompanha o ator em outros personagens. Mal acabou de se despir do gago Íçaro na novela “Bela a Feia”, o ator Rafael Primot utiliza do artifício para construir outro personagem, o escritor tímido e patologicamente romântico, Matt, na peça “Inverno da Luz Vermelha”. Mas, dessa vez, o riso é contido e nervoso, beirando a uma ligeira compaixão.

Em tempo: o velho Coutinho, não tinha nada de gago.


Mais alguns Gagos conhecidos
James Earl Jones - Ator contemporâneo, norte-americano.
Bruce Willis - Ator contemporâneo, norte-americano.
Aristóteles - (384-322 a. C.), principal filósofo grego da antiguidade.
Hipócrates - (460-332 a. C.), filósofo grego.
Moisés - (século 12 a. C.), antigo sábio.
Lewis Carroll – (1832-1898), escritor, autor de “Alice no País das Maravilhas”.
Charles Darwin – (1809-1882), naturalista, autor de “A Origem das Espécies”.
Winston Churchill – (1874-1965), primeiro-ministro da Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial.
Marilyn Monroe – (1926-1962), atriz de Hollywood.

foto retirada do portal gagocoutinho.wordpress.com

domingo, 6 de junho de 2010

CURTA A SUA PRÓPRIA IDENTIDADE

ASSIM É SE LHE PARECE
Será? Não. Desculpe-me Pirandello, mas não posso ser aquilo que as pessoas veem em mim. É uma responsabilidade padoxialmente tamanha e tacanha.

No início do mês passado, fui surpreendido. As pessoas cobram de você comportamentos e atitudes como se fossem de sua própria natureza. Elas nos veem como aquilo que imaginam e criam expectativas em torno de nossas ações e comportamentos que, quando não concretizados, geram frutações. Frustações unilaterais, há de se deixar claro.

Aí, geram cobranças, do genêro: “Por que você não falou comigo?”, “Por que você não sorriu pra mim?” , “Por que...?” , “Por que...? “ e mais “Por que...?”. Sentimentos não compartilhados.

As pessoas me cobram aperto de mão, sorriso, abraço, beijo, carinho... Disputam de outros essas manifestações, em sua essência, genuínas. Invejam-me (coisa louca!!). Sentem-se preteridas. Invenenam-me. Dizem que sumi, desapareci, mas esquecem que tenho endereço e celular. Não percebem que não correspondem a mesma cobrança e que não há cobrança nenhuma de mim.

Essas pessoas, depois de conseguirem ultrapassar esse "obstáculo particular", se esquecem... se esquecem de mim. Aí, fico sem isso nem aquilo e com a sensação de que cometi um grande erro: agradei ao outro e não a mim. O que muitos querem não sou eu, mas sim aquele que elas querem que eu seja. E isso, às vezes, é muito tarde para mudar. Mas não percam a esperança, basta me verem como realmente sou.


RPG
Hoje, o meu celular – quando o tenho – só toca para lembrar a sessão de RPG que tenho marcada para o dia seguinte.


PESADO DEMAIS PARA ESSE PEDESTAL
Ora, ou outra, encontro alguém vasculhando as minhas gavetas – espero que entendam e não levem isso à ferro e fogo. Parecem procurar em mim algo para si. Encontram. Desperta a cobiça por aquilo que desejam e que pertence a mim de alguma forma. Aí, gera-se a inveja e o ciúme.Coisa que tenho evitado ao máximo para não ser prejudicado como já fui.

Mais uma vez, atribuem a mim um status que não possuo e colocam-me num pedestal para o qual não tenho medidas e nem peso.


ESPAÇOS MULTIUSOS E INTERATIVOS
Ora sou incluido no grupo dos especialistas em Teatro. Digo que não, apesar de trabalhar com projetos nessa área. Aí, surge outro com um projeto de Dança e diz: “Esse projeto é a sua cara...”. Até pode ser, mas conheço pouca gente na área de dança. Imaginem os outros exemplos: Música, Cinema, Artes Plásticas. Na verdade, devo ser incluido no hall dos “espaços multiusos e interativos” .


LIBRA OU CAPRICÓRNIO
Eu sou libriano e, de um tempo pra cá, isso vem me incomodando. O meu grande amigo confidente, que anda compartilhando essa tarefa – antes exclusiva apenas a mim – com outro o qual um dia já me foi muito próximo, tenta me convencer que, depois de um certo tempo, o que impera é o ascendente: capricórnio. Não sei. O que sei é que sempre estou entre isso e aquilo, e nunca muito definido de nada. Não sou Carlos Eduardo, muito menos apenas Carlos. Sou Cacá, mas, às vezes, parece-me faltar algo Valente.


CARLOS
“Carlos”, segundo grupos de especialistas no qual eu não me incluo, foi a grande obra-prima do último Festival de Cannes. Uma produção do diretor francês Olivier Assayas que não pôde disputar o certâme e com isso não almejava a Palma de Ouro. O “filme” não foi e nem será exibido nas salas de cinema, pois não é “considerado” filme, embora seu processo de concepção de dramaturgia seja o mesmo de um projeto cinematográfico. Mais um dilema de identidade.

A saga do terrosista venezuelano Ilich Ramírez Sánches, temido pela alcunha de Carlos, o Chacal, foi exibido na televisão francesa, em 3 capítulos, com produção do Canal Plus.

Já não é a primeira vez que os franceses produzem filmes com essa temática de gangster ou marginais, com amplo sucesso de crítica e público. Isso, na verdade, não é nenhuma novidade pois temos os exemplos de Hollywood que, de uns tempos pra cá, embora persistam, não têm encontrado o êxito de antes.

A mais recente produção francesa nesse gênero, que recebeu o famoso oscar francês – César –, foi o filme “Inimigo Público nº 1”, do diretor Jean-François Richet e estrelado pelo ator Vincent Cassel. Assim como “Carlos”, “Inimigo Público” foi dividido em mais de uma parte, devido a sua duração e, diferente desse último, foi exibido no cinema.

http://www.youtube.com/watch?v=AoLoobpdfXw


HERÓIS MARGINAIS
O historiador britânico Eric Hobsbawm já havia se debruçado sobre o estudo do fascinio dos Heróis Marginais. Em seu livro “Bandidos”, publicado pela primeira vez em 1969, e relançado agora no Brasil com textos inéditos, o autor põe luz sob indivíduos ou grupos que são vistos como forças positivas dentro de uma comunidade, apesar de serem considerados marginais, eternizados por lendas, canções e poemas, assim como foi o inimigo número 1, Jacques Mesrine.

O nosso Lampião está lá.


MADEMOISELLE CHAMBON
É um filme de poucas palavras, mas que tem muito a dizer. Assim – como no uso de uma frase-clichê –, desmistifica-se o padrão de filmes românticos que utilizam dos clichês para justificar as ações e comportamentos que se desenrolariam na trama. Talvez, o clichê esteja, apenas, na forma de mostrar o envolvimento amoroso de duas pessoas compostas pela delicadeza de uma e a preeminência bruteza de outra.

Aqui, recorro ao crítico Marcelo Janot para, mais uma vez, mostrar as sutilezas e falsas identidades que o filme poderia nos levar: “Muita gente pode ser levada a pensar que Mademoiselle Chambon é dirigido por uma mulher – pela confusão que o nome do diretor Stéphane Brizé pode causar e, sobretudo pela delicadeza com que o filme observa o comportamento das personagens femininas. Por outro lado, a forma como são retratados os dilemas vividos pelo protagonista também revelam um profundo conhecimento da alma masculina”.

O filme é feito de silêncios e poucas palavras, o que poderia nos revelar uma calma e harmonia. Tampouco o casal formado pelo pedreiro e por uma operária pressente de qualquer insatisfação ou crise, e muito menos a paixões arrebatadoras. É um casal que vive uma vida rotineira, normal, da casa para o trabalho e do trabalho para a casa, no meio disso a escola do filho. Mas há um estado de tensão entre o pedreiro e a professora da escola de seu filho, e que parece estar na iminência de se romper, mas que custa a se concretizar. Porém, há sutis metáforas que poderiam nos levar a justificar tal tensão.
A personagem do pedreiro, interpretado por Vincent Lindon, curiosamente, procura o apaziguamento no alto de um monte onde o vento forte faz agitar as copas das árvores e romper com o silêncio e tranquilidade aparente. Sua profissão, de pedreiro, permite construir casas que pode durar uma vida toda.

Já, a personagem da professora, interpretada por Sandrine Kiberlain, uma professora solitária que não costuma fixar residência, mostra-se fragilidade e melancolia, sem grandes dotes físicos para romper qualquer estrutura familiar. Apenas um beijo faz com que a situação mude, mas não se concretize.

O filme, para mim, poderia terminar uns 5 minutinhos antes. Mas acredito que o final escolhido pelo diretor foi dar desfecho coerente a uma das personagens, que de outra forma não poderia ser visualizado pelo espectador.

http://www.dailymotion.com/video/xab0ss_mademoiselle-chambon-bande-annonce_shortfilms


OTRO E CORTE SECO
O outro é sempre mais interessante do que nós. O interesse pelo estrangeiro sempre motivou o explorador. Sempre gera o mistério.

Agora o teatro vem despertando esse fascínio pelo o outro. Na verdade, o seu próprio fascínio, a sua própria linguagem.

Assisti dois espetáculos em que o recurso da linguagem teatral e trabalhada como “metalinguagem”: “Corte Seco” e o “Otro”. Confesso que gostei mais do segundo do que do primeiro.

É um trabalho onde o ator de teatro se reconhece e, portanto, se identifica plenamente. E acaba por usufrir mais do espetáculo do que o mero espectador sem esse repertório, mas ainda, assim, podemos aproveitar.


DO RIO
No finalzinho do mês passado, circulou pela internet o trailer do longa metragem feito pelo Carlos Saldanha, a animação que será ambientada no Rio de Janeiro. É tão bom quando nos reconhecemos em alguma obra. Foi uma sensação única ver o traço revelando a identidade carioca.

http://www.youtube.com/watch?v=qPqwlgqO_x0&feature=related



DO RIO AO PORTO
No Porto, em Portugal, existe um espaço curioso que conheci na minha última viagem, em 2006. Não seria nada demais se ele não funcionasse dentro de uma garagem antiga de autocarros em estilo art decó. Um espaço cultural, composto por restaurante, bar, espaço para shows e exposição. Um espaço multiuso chamado Maus Hábitos. E desde o ínicio de junho recebe duas exposições de brasileiros.

“Favelão”, uma individual do artista Gilvan Nunes, com curadoria de Fernando Cochiarale, e uma coletiva, “Quase casais”, com curadoria de Bernardo Mosqueira que reune 12 artistas, entre eles Gisela Milman, Leo Ayres e Fernando De La Roque.


MUSEUS À BEIRA....
...do Cais ou à beira do fechamento por falta de estrutura?

Não sou contra, acho maravilhoso, mas me sinto incrédulo diante de tantas condicionantes que nos mostram um sistema de arte sem recursos e com uma demanda insuficiente para tanto espaço. A cada semana, um novo museu será construído à beira do cais e, enquanto isso, outros tentam, à duras penas, sobreviver com pequenos orçamentos, estruturas ineficientes e equipe reduzida.

Centro Hélio Oiticica fechado por não conseguir seguir uma programação que possa abranger o seu espaço formado por 3 andares, por falta de equipe e orçamento modesto.

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro há anos vem lutando contra infiltrações que comprometem a biblioteca (hoje fechada) e com uma reserva técnica que não assegura plenamente o seu acervo.

Museu de Arte Contemporânea de Niterói, nunca teve espaço para uma reserva técnica.

Museu de Belas Artes, com uma reserva técnica pequena para uma coleção de mais de 18 mil obras.

Sem falar nos espaços que planejam inauguração e sem muito convencimento de acontecer a curto prazo: Fundação Daros (parece obra de igreja), Instituto Europeu de Design (faliu), Museu do Meio Ambiente (já escutei esse canto antes), Instituto Cervantes (parece que vai acontecer)...

Aí, surgi a notícia de um Museu para Carmen Miranda, um para Gastronomia e outro para Portinari. Um Museu de Arte do Rio - MAR – onde antes seria uma Pinacoteca –, um outro chamado Museu do Amanhã... amanhã é logo depois de hoje. Tudo à beira do cais.

Surge reivindicações dos pequenos, em qualquer oportunidade que se faça surgir, como foi no caso da entrega dos prêmios de Cultura do Estado, no início desse ano, onde duas instituições do Rio de Janeiro manifestaram interesse em se mudar para à beira do Cais.

Tudo bem que se queira revitalizar a Zona Portuária e que a Odebrecht já tenha ganho a licitação para a primeira fase, formando um consórcio junto com mais outras duas grandes empresas, a um custo de R$139,6 bilhões, mas será que teremos público para tanta coisa no Rio de Janeiro?

Haja planejamento. Haja projetos para incentivar o turismo – é, porque de outra forma não vejo uma maneira de ocupar esses espaços culturais.

E ainda querem fechar a Avenida Rio Branco e demolir a perimetral. Maravilha! Onde fica esse Rio de Janeiro que eu não conheço e que muito gostaria de conhecer?


PRIMEIRO LUGAR ...
Em tempo de mundial, o Brasil já tem um título a comemorar. Já somos o primeiro país em cirurgias estéticas, na frente dos EUA. Oba!

Por outro lado, circula uma discussão polêmica nas agências de propaganda e nos meios de comunicação sobre o uso indiscriminado da manipulação das fotos. Essa discussão veio à tona depois que o partido Liberal Democrata inglês pediu que fotos publicadas na mídia venham com a informação que foram modificadas no photoshop.

Essa decisão do partido inglês surgiu depois que a ex-modelo Twiggy e a atriz Jessica Alba tiveram fotos para campanhas publicitárias modificadas. As rugas de uma Twiggy sessentona desapareceram no comercial de um creme facial, e Alba parece muito mais magra do que na verdade é.

O parlamentar Jo Swinson, que assina o projeto de lei, alerta que o "ideal de beleza atual faz com que meninas sofram maior pressão do que há poucos anos atrás". Para Swinson, o retoque de imagens faz com que "a publicidade venda imagens que não podem ser alcançadas na vida real". Por isso, ela acredita que a manipulação de imagens deve ser banida, sobretudo em comerciais voltados para jovens.
O partido vai pedir que o órgão de regulamentação da publicidade no país proíba o uso de imagens manipuladas em propagandas destinadas a menores de 16 anos. Já comerciais para adultos deverão indicar onde houver tratamento digital. Ainda segundo o projeto de lei, as escolas devem oferecer e estimular aulas de dança, exercícios aeróbicos, yoga além de garantir que vestiários estejam bem equipados.


“Esse negócio de manipulação de imagem está uma babaquice. Está todo mundo igual: cabelos, caras e sorrisos.” – Fernanda Lima

Cadê a bunda?


BUNDO
Sarah Baartman ou Saartjie Baartman, era escrava e servia a uma família holandesa no século XVIII. De etnia khoisan – a mesma do político Nelson Mandela – foi muito explorada por ter um grande “bundo” – nome em zulu para a nossa “bunda”.

Em 1810, chegou a Londres para exibir o que lhe era de sua natureza, porém de estranheza para o povo europeu. Com objetivo de ganhar e dar dinheiro ao mostrar tamanha exuberância, em circos e exposições, acabou sendo presa e interrogada. Declarou, em holandês, língua que aprendera com os seus senhores na África do Sul, que as mulheres deveriam ter os mesmos direitos dos homens – e exigiu metade do dinheiro arrecadado pelos seus opressores.

Sarah morreria em Paris, em 1815, antes de completar 26 anos de idade. Seu esqueleto, seus órgãos genitais e seu cérebro, conservados, ficaram expostos no Musée de L’Homme, em Paris, até 2002 – quando Nelson Mandela, após longa negociação, conseguiu o retorno de seus restos mortais para serem enterrados na África do Sul.

Se cuida Mulher Melancia!!!


TROCAS E MUDANÇAS
(copio aqui um texto de Roberto DaMatta)
”Quando eu era um jovem estudante de antropologia, fiquei muito impressionado quando aprendi que o diferente, - o outro (o índio, o estrangeiro, o gay, o negro, a mulher, o anão, o gênio, etc... - não precisa ser qualificado como inferior nem como superior. Ele é uma alternativa. Seria possível falar em alternativas melhores e piores, mais avançadas ou adiantadas? Essa era, exatamente, a questão. E eu, caro leitor, confesso que até hoje não sei muito bem se nós, humanos, melhoramos ou pioramos nas nossas mais diversas versões históricas e culturais que, no fundo são alternativas: outros modos de conceber e fazer as mesmas coisas que, por isso mesmo, ficam diferentes. Sei, simplesmente, que a despeito de todos os avanços tecnológicos, continuamos a matar
e a morrer como os homem de Neanderthal. E a chorar de mágoa e de saudade...”.

domingo, 2 de maio de 2010

CURTA A NOSSA LÍNGUA

HARPIC POWER PLUS

Não é de hoje que convivemos dia a dia com expressões e palavras em inglês. Em lojas, bares e restaurantes; na hora de comprar algum equipamento elétrico ou eletrônico; na publicidade; no trabalho... nos deparamos, sempre, com todo tipo de nomes que às vezes nos confundem ou nos atordoam. Atordoado fiquei no dia que vi o anúncio estrelado pela Indrid Guimarães. Parecia um quadro humorista, o que corroborava ela também ser uma atriz desse gênero.

Ela batia na porta de uma suposta amiga e perguntava se podia ver o que ela usa para limpar o vaso sanitário – tudo muito trivial. Após a resposta da amiga, ela anuncia algo revelador: “Só o novo HARPIC POWER PLUS elimina tudo isso (sujeiras e bactérias) que deixa o seu vaso completamente limpo e desinfetado”.

Agora, repitam comigo rápido: HARPIC POWER PLUS. Não parece coisa do Casseta e Planeta?

http://www.youtube.com/watch?v=G2q7MoMmIOE
http://www.tellyads.com/show_movie.php?filename=TA2526



COISA DE BOTECO PARA INGLÊS LER

Nessa mesma semana, li na coluna do Joaquim Ferreira que o bar Boteskina, em Copacabana, está adotando em seu cardápio, meio que por gaiatice ou para atrair turistas, os nomes de seus pratos traduzidos de forma literal. Lá poderemos encontrar um Contra-filé como “Against File”, um arroz à grega como “Rice to the Greek” e um Garotinho (o chopp) como “Chopp Boy”.



ARTE DE BOTECO

Assim como tem comida de boteco, deveria instituir a “Arte de Boteco”, corroborando com a idéia de um grande mestre. Há duas semanas, recebi do meu sempre professor – ele está sempre nos ensinando – um de seus pequenos trabalhos de desenho feito numa mesa de bar (ilustração que segue nesse texto).

Segundo o mestre Eppinghaus, a técnica é simples: marcação básica feita rapidamente com caneta hidrocor preta, cuja tinta permite manchar o papel quando se aplica líquido sobre as linhas estabelecidas. Feita a marcação, o próximo passo é a utilização rapidíssima de pincel com ponta fina, embebida em chope (poderia ser água, café etc) sobre determinadas áreas, de modo a obter efeitos de luz, brilho e sombra. As manchas excessivas foram esmaecidas com auxílio de guardanapo de papel. O resultado é um desenho feito por “nuvens” de manchas choppeladas.

Boteco é um lugar ótimo para comer, beber, fazer arte e jogar conversa fora – mas, podemos guardá-las também.



NÃO JOGUE NO LIXO

Ainda dentro do tema “letras” e seus derivados, um prato cheio para imprensa nesses últimos dias foi a confusão envolvendo o grupo editorial Ediouro, a distribuidora Superpedido e as livrarias. De uma forma destrambelhada, o Grupo comunicou a mais de 400 livrarias do Brasil, por meio de e-mail, uma nova política para devolução de livros que não fossem vendidos. A capa, a quarta capa e a ficha catalográfica deveriam ser devolvidas e o miolo poderia ser destruído. Aquele livreiro que não quisesse destruir o livro, teria a opção de comprá-lo da editora com desconto de 60%. Houve, imediatamente, uma manifestação contra a essa nova política, e o Grupo voltou atrás levando em consideração as justificativas bem embasadas e relevantes dos livreiros com o objetivo de evitar a destruição de livros em um país carente de acesso a leitura.

Segundo o diretor do Grupo, essa política tinha como objetivo reduzir os custos de frete e processamento, além de ser uma política adotada em outros países. Mas esqueceu de informar que essa política, adotada em outros países, é utilizada para exemplares como almanaques e guias que ficam desatualizados e não podem ser repostos no mercado. Para os livros existem outras formas de comercialização, disponibilizando-os para feiras, sebos, descontos e promoções.
O Grupo está estudando a possibilidade em doar alguns dos livros devolvidos, além de oferecer um desconto de 80% aos livreiros que comprarem todas as obras em consignação.



ABRINDO E FECHANDO ESPAÇOS DE LEITURA

Ainda escrevendo sobre livros, essa semana a livraria da Casa Laura Alvim, Dona Laura, fechou. É a terceira livraria que o bairro de Ipanema perde em 6 meses, as outras duas foram Letras e Expressões e Renovar. A livraria Travessa e Galileu continuam firmes e fortes. Mas, em compensação, um novo espaço foi inaugurado essa semana, com a presença do Governador do Estado, das Secretárias de Cultura e Educação e do Ministro da Cultura, além de várias personalidades como Perfeito Fortuna, Gutti do Nós do Morro e Maurício do Souza, entre outras. A Biblioteca-Parque de Manguinhos abriu para todos e, principalmente, para as comunidades da Zona Norte em seu entorno, e tem como madrinha a personagem de Histórias em Quadrinhos, Mônica.

A Biblioteca, construída onde era um depósito de Suprimentos do Exército, tem um acervo de mais de 25 mil livros que poderão ser manuseados diretamente pelo leitor sem precisar uma solicitação. Todos os livros estão numa base de dados que pode ser acessada por meio de um dos 40 computadores. Os freqüentadores do novo espaço poderão assistir aos mais 900 filmes em DVD que podem ser disponibilizados em uma das suas 5 televisões de LCD e escutar mais de 3 milhões de músicas em aparelhos de MP3. Tudo isso espalhado em dois grandes salões ligados por rampas que possibilitam o livre acesso para qualquer pessoa. Além disso, o espaço possui uma sala de leitura para pessoas com deficiência visual, jardim de leitura, ludoteca, café e um cineteatro, que ainda não está em funcionamento.

Em seu discurso, a Secretária de Cultura quase ia esquecendo de mencionar o que segurava em sua mão. Era um dos 3 exemplares do livro digital que poderão ser retirados e levados para casa pelos leitores cadastrados. Houve quem comentasse logo após: “... e não volta mais”. É ver para crer, e torcer para que tudo der certo.

O projeto é maravilhoso, mas sem uma política de ação constante com programação e projetos que mobilizem a comunidade do entorno, os resultados poderão não corresponder ao que se deseja. E para isso, uma das iniciativas é incluir dentro do conselho que regirará a Biblioteca, membros da comunidade.



DOE PALAVRAS

Já o Hospital Mário Penna, em Belo Horizonte, que cuida de doentes de câncer, lançou um projeto sensacional que se chama "DOE PALAVRAS". Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.

Você acessa o site
http://www.doepalavras.com.br/, escreve uma mensagem de otimismo,curta (como twitter) e sua mensagem aparece no telão para os pacientes que estão fazendo o tratamento. A reação dos pacientes é muito positiva e isso ajuda na sua recuperação e tratamento.

Participem, não apenas hoje, mas, todos os dias, dêem um pouquinho das suas palavras e de seus pensamentos.


PALAZYAN

Precisaria bem mais que quatro parágrafos para escrever sobre a exposição da artista Rosana Palazyan. Mas como a proposta da exposição é ser um site-specific – construída para aquele espaço que o transforma em lugar de convivência –, nada mais apropriado para fazer parte dessa coletânea de impressões. A primeira coisa que me veio a lembrança foi uma das perguntas do livro de perguntas de Pablo Neruda: “Por qué los árboles esconden el esplendor de sus raíces? “

O nome da exposição é “O Jardim das Daninhas”, instalada no átrio da Casa França Brasil, e está dividida em 3 partes: “por que daninhas”, “o realejo” e “em no lugar do outro”, são trabalhos que “perpassam” – acadêmico adora usar essa palavra – a “tecedura do texto” (ficou esquisito!). E, aqui, me reservo a comentar apenas “por que daninhas”.

É um trabalho delicado e quase “sacro”. A artista cria pequenos relicários com as plantas sutilmente inseridas nas tramas de um tecido leve e transparente e, em suas raízes, borda frases com fios de cabelo, como por exemplo: “ainda não foi descoberta uma qualidade que as transformem em cultura.”.

A ideia desse trabalho surgiu quando estava pesquisando sobre borboletas. Ela descobriu que o extermínio de plantas daninhas estava ameaçando de extinção borboletas e insetos. As frases que compõem os trabalhos foram retiradas de livros de agronomia e, segundo a artista, têm muito a ver com o modo que a sociedade vê as pessoas que estão à margem.

A exposição vai até o dia 20 de junho e deve ser aproveitada.



VOCÊS SABEM O QUE É TAUTOLOGIA?


Dia desses, recebi um e-mail – desses que recebemos todos os dias – com a seguinte pergunta : "VOCÊS SABEM O QUE É TAUTOLOGIA?". E nele vinha a resposta : “ é o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.”

O exemplo clássico é o famoso “subir para cima” ou o “descer para baixo”. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .


VISITANDO TRADIÇÕES e CIRCULAR DO FARO

Foi com uma imensa satisfação que, no mês passado, descobri o trio “Visitando Tradições”. Composto por Pedro Jaguaribe, percussão, Lucas Carvalho, violão, e Rubá Brauns, bandolim, fazem uma música com influência internacional de várias épocas. O trio se apresentou no projeto “Música no Museu”, mas pode ser encontrado nas casas da Lapa.

Esse é um trabalho oriundo de um outro grupo no qual os três músicos também fazem parte, “Circular do Faro”. Se no “Visitando...” os músicos mesclam as músicas de vários países e tempos com os ritmos nacionais, no “Circular...” concentram-se nos baiões, frevos, sambas, reggaes, skas e marchas.

Tanto em um como no outro, é uma viagem sem medo de se perder.

http://www.myspace.com/visitandotradicoes
http://www.myspace.com/circulardofaro



domingo, 18 de abril de 2010

AS MELHORES COISAS


AS MELHORES COISAS DO MUNDO

Já era de se esperar que a diretora Laís Bodansky e seu marido roteirista Luis Bolognesi não iriam desapontar. O filme “As melhores coisas do mundo”, sem querer fazer trocadilho, é uma das melhores coisas que pude presenciar nesse início de ano.

O filme tem uma não-tão-nova tarefa a cumprir, a tentativa de fazer com que o cinema nacional consiga despertar nos adolescentes o seu próprio universo. É uma obra com a pretensão de conversar com esse público, mas não só com esse, afinal, eu já passei da idade de erupção folicular como a do menino Mano (Francisco Miguez) e pude travar um bom bate-papo com o filme.

Mas, além disso, Laís trás para o debate circunstâncias tão contemporâneas embasadas em conteúdo tão conhecido e, porque não, antigo: o preconceito. O preconceito de uma forma ampla, em sua própria definição lexicográfica. Nesse aspecto, o filme mergulha numa seara pertinente, a exposição voluntária e involuntária das pessoas e o desrespeito pelo sentimento do outro. Um reality show. Coincidência ou não, a menina Carol é a cara de uma das concorrentes do último Big Brother Brasil.

Mas o filme concentra-se na personagem Mano. Sua relação de amizade e flerte com amiga Carol, seu desejo e decepção com a musa do colégio, e admiração e confiança no professor de violão, Marcelo – interpretado por Paulo Vilhena – , tudo isso somado ao sentimento fraternal e aos conflitos familiares. Descobrimos que Mano não é “perfeito” e que é um rapaz de 15 anos tão normal como os outros de sua idade. Ele falha também, mas a diferença, talvez, é que nesse filme não haja uma cobrança para que ele seja diferente.

Fiuk tem uma personagem profundamente carismática, acredito que até mais do que a do protagonista, além de ser o responsável pelas cenas mais bonitas do filme. Ele é a poesia em forma de filho de Fábio Jr. Ele é a interpretação do conflito existencial de toda essa geração. Um Rimbaud dos tempos modernos, em cores pastéis de ternura e candura? Não chega a ser um enfant terrible, apenas na aparência, talvez.

Carol é a parte doce e inteligente do grupo adolescente. Ela está ali para confirmar que as meninas, sem dúvida alguma, amadurecem mais cedo e passam a observar a realidade de uma forma mais ética e responsável. Em seu caderninho, moleskine anacrônico – em tempos de blog, twitter e derivados –, vai anotando as suas impressões do dia a dia. Anota ali uma das melhores coisas do mundo para ela – que agora esqueci –, desvendada no final do filme pelo amigo Mano.

http://www.youtube.com/watch?v=-jgSPH6zVEI



MENINO DO RIO

Lembro de poucos filmes a marcarem a minha adolescência, mas um deles foi “Menino do Rio”, de Antonio Calmon, com André de Biase e Claudia Magno. Tudo no filme me fazia participar da trama: o romance, a liberdade, o grupo de amigos e, principalmente, a praia. Nada mais carioca. Uma extensão de nossas vidas.

Exibido em 1982, lembro ter assistido as aventuras do “menino” Valente – protagonista interpretado por André de Biase – com um grupo de amigos do colégio. Época que íamos para o cinema, esperar as luzes se apagarem para podermos flertar com as meninas do colégio.

Diferente do filme da Laís Bodansky, “Menino do Rio” não é exatamente um filme para adolescente. Os personagens são mais velhos, quase com um pouco mais de 20, suponho. É um filme jovem. Acredito que tenha sido um dos primeiros filmes brasileiros a abordar esse universo, sem muita pretensão e arrojo na dramaturgia. Era um filme muito simples e que abordava os acontecimentos dessa maneira também. Repercutiu muito bem na bilheteria e nos fazia sair da sessão cantando as músicas da época, como “Menino do Rio”, de Caetano Veloso na voz de Baby Consuelo, “De Repente, Califórnia”, de Lulu, e “Garota Dourada”, de Nelson Motta.

“Menino do Rio” tem os alguns ingredientes que se repetem no filme do “Mano de Sampa”: a descoberta do amor, do sexo – no caso do Valente, não seria, exatamente, a descoberta –, grupo de amigos, violão ou guitarra, prancha de surf ou bicicleta, conflitos de família, uma cidade por trás (Rio ou São Paulo) e um fim trágico para uma das personagens – no caso do filme do “Mano” a personagem teve mais sorte e foi salva. Pepeu, a personagem camarada de 28 anos atrás, some nas águas da Praia do Diabo numa tentativa de salvar o seu amigo Valente.

Se o menino é do Rio – e isso não nos resta dúvida –, o Mano e seus amigos não pretendem esconder que são filhos da urbana São Paulo.


http://www.youtube.com/watch?v=PCHBpkaqM1Y&feature=related



MENINO DO RIO AINDA ANDA PELAS AREIAS DE IPANEMA

Saindo do filme “As melhores coisas do mundo”, senti o mesmo frescor de 28 anos atrás. A sensação leve e feliz de saber que os problemas passam e sabendo medir o tempo, podemos tirar proveito deles.

Para cada ser, existe apenas um único amor nesse mundo. E o meu está de volta.
E no meio de um inverno, eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível.
Albert Camus

http://girassoisnoescuro.wordpress.com/



QUE MÚSICA VOCÊ QUER TOCAR ?

Mano frequenta as aulas de violão com o intuito de aprender a tocar, na guitarra, “Something” dos Beatles para a sua amada.

O crescimento e todo o processo da personagem vão acontecendo, também, com o seu desenvolvimento nas aulas de violão. Até que um dia o professor lhe pergunta “que música você quer tocar?”, como quem lhe pergunta, ao mesmo tempo, se está preparado para esse novo passo.

Mano sucumbe ao pedido do professor e amadurece também musicalmente ao longo do filme. Bonito de se ver.




SOMETHING

Something in the way she moves

Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me

I don't want to leave her now

You know I believe and how

Somewhere in her smile she knows

That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

I don't want to leave her now

You know I believe and how

You're asking me will my love growI don't know, I don't know

You stick around now it may showI don't know, I don't know

Something in the way she knows

And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

I don't want to leave her now

You know I believe and how



NÃO DÁ PARA NÃO SE EMOCIONAR

Quem viver ainda mais um pouco poderá ser surpreendido por outra emoção assim.

http://www.youtube.com/watch?v=fCzgka-7Yvc&feature=related



MENINO DO RIO

Menino do Rio

Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...

Menino vadio

Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...

O Hawaí, seja aqui

Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...

Menino do Rio

Calor que provoca arrepio
Toma esta canção
Como um beijo...

Menino do Rio

Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...

Menino vadio

Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...

O Hawaí, seja aqui

Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...


PRA VOCÊ O QUE É A MELHOR COISA DO MUNDO?


sábado, 3 de abril de 2010

HERÓI




HERÓI
Quem são os nossos heróis? Serão os nossos pais?
O que é ser herói? Superar obstáculos e tornando-se vencedor não importando como?


HERÓI NA GALERIA
No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Wagner Malta Tavares marca os dez anos de trabalho dedicado à arte. A escultura “Herói”, que dá título a exposição, é composta de um ventilador no qual uma capa vermelha tremula indicando o voo de um super-herói.

O artista trabalha com efeitos especiais, tímidos e simples, que não se escondem. São honestos. Mais do que honestos são trágicos. Tem plena consciência de que a ilusão como projeto, como utopia se tornou impossível. “O outro lugar, os mundos fantásticos só aparecem agora para mostrar a nossa fraqueza e os riscos que corremos”.

17 de março 2010

http://www.dasartes.com/site/index.php?option=com_eventlist&view=details&id=683:heroi--wagner-malta-tavares&Itemid=48


PODERES COMUNS
Outra forma de arte a exultar os heróis é mostrada por um grupo de professores da UNIRIO. São os “Heróis do Cotidiano”. A proposta é muito interessante. O coletivo trabalha na cidade por meio de intervenções e performances artísticas com o intuito de mostrar que pequenos “gestos” heróicos podem ser feitos por qualquer um no dia a dia.

Eles já limparam estátuas, fizeram mutirão voluntário em cartório e deram plantão em hospitais públicos, atendendo aos pacientes na recepção.

Segundo eles, a ideia é questionar o papel do “herói” de forma poética. Ações de solidariedade e cidadania passam a ser encaradas como atos de heroísmo.

Vestidos com capas, botas, óculos, capacetes e malhas que aludem os uniformes dos super-heróis, saem pelas ruas como paladinos da justiça.

25 de março de 2010


BBBIAL
Eu sei que para o Pedro Bial os heróis são aqueles que ficam mais de 90 dias à disposição no reality show da TV Globo, Big Brother. E, nessa semana, o grande herói-vencedor foi anunciado. O temido adorado Dourado foi o vencedor da peleja.

Não costumo assistir a esse programa, mas por falta de programação, acabei um dia me deparando com uma situação que me fez continuar a assisti-lo até o seu final.

Deparei com uma situação em que um grupo confinado num ambiente chamado “puxadinho” – alusão ao barraco (eu queria ter um barraco assim) – reclamava e criticava o outro grupo confinado na “casa de luxo” (aí, nem se cogita). Vi naquela situação algo muito similar em que às vezes estamos envolvidos. Mentiras, insinuações, invejas, fofocas... essas coisas todas que conhecemos. Mas, o que mais me atraiu, foi querer saber se o que eu via os outros viam também.

Os do “puxadinho” criticavam o outro grupo por estarem “jogando”, por estarem “combinando voto”, por serem “autoritários e conduzirem os demais do grupo”, enfim coisas normais de um jogo desses, onde se requer também liderança. O que eles queriam? O que eles foram fazer lá? Não foram para jogar e ganhar prêmios e 1 milhão e meio de reais?

O tempo vai passando, e cada um do grupo do chamado “puxadinho” vai sendo eliminado. Aí eles se perguntam: será que estamos errados? Sim, de uma certa maneira, estavam. A inveja e a profunda preocupação com o comportamento do outro grupo, os cegaram. Para eles o “puxadinho”, e tudo o que isso significava – por mais que fosse acolhedor e estruturado –, não era “melhor” do que o status da “casa de luxo”.

Em sua grande parte, o programa estimula sentimentos e situações ruins, como inveja, fofoca, mentira, ódio, discussão, briga, inimizade, até mesmo a amizade estava encobertada por uma nuvem de aliança de conveniência para a permanência na casa.

Não posso negar que a edição do programa e as situações em que são colocados os concorrentes eram muito engraçadas. E a partir daí, me condicionei a rir e não me amargurar com as injustiças. As pérolas ditas por esses “heróis” são dignas de várias edições. O que dizer dos equívocos do Eliéser? Da falta de espelho da doutora Elenita? Do ciúme da Lia? Da escandalosa e faladora Anamara? Do chato do Dicesar? Do deslumbrado Serginho? Mas isso é que faz com que o programa tenha popularidade e audiência.

Eu sempre torci pela Fernanda. A que buscava uma postura correta e que batalhou sempre em todas as provas. Tinha simpatia, também, pelo Cadu, mas o Dourado era o mais honesto e franco, na medida do possível. Por ser rude e pouco polido isso ficava mais evidente. Não sei se fazia parte do jogo. Uma vez ele falou claramente que ele olhava para as câmeras enfatizando alguma situação para colocar em evidência a falha do outro.

Prometo que não assisto mais.

Algumas pérolas:

Depois da tempestade vem a “bonanza”, cheio de coisas boas e iluminadas.
Ele é inteligente “igual a eu”
Brasil é com “z”
Você é surtado. Surtado? Eu tirei o cabelo do nariz (?!)
Fazer “pó de chinelo”.
Aquela baleiazinha do filme “Procurando Nero”.
Chuva de “granito”.
Depois daquelas “prezopopéias” todas que ele falou. Sei lá o que é isso...

30 de março de 2010.

http://www.youtube.com/watch?v=WAHKGTPayew&feature=related


SONHOS ESMAGADOS
Dia desses, li um texto de Roberto da Mata sobre “pureza e perigo”. Tratava-se da tese de uma antropóloga inglesa, Mary Douglas, sobre a associação entre as pessoas puras e inocentes e o perigo delas tornarem-se despudoradas. Era como se não tivessem moral, regras, estando à mercê do infortúnio.

Por analogia, ele faz o mesmo com a generosidade e o sucesso, as pessoas que o possuem tornam-se alvo de inveja. E ele exemplifica com o personagem bíblico José.

“Se você acha que estou exagerando, leia a história do bíblico José, traído pelos irmãos e vendido a um mercador. Não foi por acaso que ele se transformou num grande decifrador de sonhos, pois quem tem seus sonhos esmagados pelo ressentimento e pela arrogância dos que estão na sala ao lado torna-se um especialista em ilusões.”

17 de março de 2010


COMEMORAÇÃO
Outra coisa que me incomodava muito no BBB 10 eram as comemorações após a eliminação. Manifestações de alegria e poder diante do derrotado.

No finalzinho desse mês, fomos vítimas do julgamento do Casal Nardoni. Aquele que foi acusado de matar a menina Isabella. Pai e madrasta foram condenados a 31 e 26 anos, respectivamente, de prisão. O que vimos do lado de fora foi uma multidão em êxtase. Um grupo com mais de 300 pessoas, composto por mulheres e crianças de colo. Muita comemoração com euforia e fogos de artifício.

Nesse caso, o herói foi o promotor Francisco Cembranelli e a justiça foi manifestada.

26 de março de 2010


ALMA MATER
Era um dia de céu azul, no carro ar condicionado e a minha visão era de um paraíso. Minha amiga, Dinha, dirigia. Ela, por mais que negue, ainda tem incrustada a alma melancólica de terras de além mar. A visão do paraíso era um céu azul que se misturava com um mar sem fim. A terra quase branca, lembrava-me, a todo tempo, que não estava a navegar sobre aquele paraíso, mas em terra, dentro de um carro que rodava numa estradinha, num pequeno monte, que fazia a comunicação entre o condomínio de Atalaia e as praias de Arraial.

Foi nesse dia que descobri a música da minha vida. Foi Dinha quem me apresentou. “Alma Mater”, de Rodrigo Leão, compôs a trilha daquela cena. O celular toca: era alguém perguntando por mim e se dizendo cheio de saudades.

Agosto de 2002.


CIRANDA CIRANDINHA
Já faz algum tempo, mas outra música que marcou – não só a minha trajetória, mas como de muitos outros da minha geração – foi a música composta especialmente para o seriado da TV Globo, Ciranda Cirandinha.

O seriado contava a história de 4 jovens que dividiam um apartamento na Zona Sul do Rio. Fábio Junior, Lucélia Santos, Jorge Fernando e Denise Bandeira formavam o quarteto.

Num episódio “Toma que o filho é teu”, Fábio Júnior canta “ Pai...você foi meu herói meu bandido, hoje é muito mais muito mais que um amigo”.

Em 1978

http://www.youtube.com/watch?v=dBX1DA8b47k
http://www.youtube.com/watch?v=9ZfAJ2hKvIE&feature=related


FIUK
Hoje, quem abre a cena é o filho do pai de 78. Fiuk (não me pergunte o porquê do nome), atualmente na Malhação (tempo bom do Ciranda Cirandinha), estreia no cinema em “ As melhores coisas do mundo”.

O filme conta a história de um adolescente e a transição para a vida adulta. O protagonista não é o Fiuk, mas a diretora é a talentosa Laís Bodansky ( “O bicho de 7 cabeças”, “Chega de Saudade”), roteiro do maridão Luis Bolognesi, produção da querida Gullane Filmes, dos irmãos Fabiano e Caio, e o patrocínio não poderia deixar de ser da Petrobras. Seria perfeito se ainda estivesse por lá.

Terça, estarei sentadinho para assistir mais uma bela produção dessa equipe.

6 de abril de 2010

http://www.warnerlab.com.br/asmelhorescoisasdomundo/site/

AINDA PROCURANDO POR HERÓIS?
Mas, afinal, onde estão os nossos heróis? Ayrton Senna, Renato Russo, Joana D’ Arc, Maria Quitéria, Ghandi, Carmem Miranda, Fernando Pessoa, Amália Rodrigues, Chico Xavier, John Lennon... Acabamos por confundir os nossos ídolos com os nossos heróis? Será que eles tornam-se heróis após a sua morte?

Adriano, Maurren Maggi, Zico, Jade Barbosa, Ronaldo, Cielo, Diego Hypólito, Marta, Hortência... seriam esses? Que rompem obstáculos físicos e superam as limitações do próprio corpo?

Lula, Cabral, Ibsen, Marina, Paes, Gabeira, Lindberg...ou os nossos políticos que têm a obrigação de lutar e brigar por nossos direitos... seriam esses os nossos heróis?

Caetano, Madonna, Marisa Monte, Herbert Vianna, Perfeito Fortuna, Adriana Calcanhoto, Ferreira Gullar, Felipe Hirsch, Almodovar, Juan José Campanella, Miguel Esteves Cardoso, Fábio Jr, Maria Bethânia, Fernanda Montenegro, Sérgio Brito, Hamelin... aqueles que identificam e fazem aflorar os nossos sentimentos?

Super-Homem, Mulher Maravilha, Batman, Aquaman, Homem Aranha, Homem de Ferro, Thor, X-Men. Os nossos heróis são apenas frutos da imaginação.

O meu voto vai para o herói anônimo. Aquele que não tem nada que o evidencie, e como uma pessoa simples vai sobrevivendo com talento e força, superando as vicissitudes que a vida lhe coloca no caminho.

Meu voto vai para o menino que chorou com a morte de seu “herói”. Vai para o menino que não se intimidou com a fragilidade e com a insegurança de sua própria vida. Que escolheu o caminho da arte para suplantar os obstáculos e tornar-se antes da vitória um vencedor pelo trabalho e dedicação imposto por ele mesmo. Pela alegria e pela tristeza. Pela força e dedicação.

O meu voto é para o menino Diego Frazão Torquato, Diego do Violino do AfroReggae, que faleceu de leucemia descoberta tarde demais. Premonição de herói que a fatalidade antecipou ao status de mártir.

1 de abril de 2010


SERÁ

Tire suas mãos de mim



Eu não pertenço a você



Não é me dominando assim



Que você vai me entender



Eu posso estar sozinho



Mas eu sei muito bem aonde estou



Você pode até duvidar



Acho que isso não é amor.



Será só imaginação?



Será que nada vai acontecer?



Será que é tudo isso em vão?



Será que vamos conseguir vencer?



Nos perderemos entre monstros



Da nossa própria criação



Serão noites inteiras



Talvez por medo da escuridão



Ficaremos acordados



Imaginando alguma solução



Prá que esse nosso egoísmo



Não destrua nosso coração.



Será só imaginação?



Será que nada vai acontecer?



Será que é tudo isso em vão?



Será que vamos conseguir vencer?



Brigar prá quê?



Se é sem querer



Quem é que vaiNos proteger?



Será que vamos ter



Que responder



Pelos erros a mais



Eu e você?

Em 1978

terça-feira, 2 de março de 2010

MUNDO ENCANTADO




BOA NOITE CINDERELA HOSPITALAR
“Boa noite, Cinderela, ...” era com essa música que um quadro do programa do Silvio Santos abria no início das noites de domingo. Um quadro ingênuo, onde as meninas realizavam os seus sonhos encantados.

Hoje, o boa noite Cinderela é o mais conhecido golpe aplicado nas baladas aos descuidados e tolinhos de plantão. Coloca-se um sonífero qualquer na bebida do sujeito e boom! Na noite seguinte, o cara aparece desprovido de qualquer documento ou dinheiro, isso na melhor das hipóteses. Às vezes ele acorda em sua própria casa vazia.

Mas não precisa ser tão tolinho ou ingênuo assim, e muito menos sofrer o golpe nas madrugadas em alguma balada (como gostam de dizer). O golpe tem se mostrado tão eficiente, que já estão aparecendo no mercado novas adaptações e muito mais eficientes.

Eu mesmo acabo de sofrer com uma dessas adaptações: “boa-noite-cinderela-hospitalar”. Basta ter uma pedrinha no rim ou na vesícula, e pronto. Você se torna um candidato a sofrer o golpe. Foi assim comigo.

No final do ano, descobri que tinha algumas minas de cálcio no rim, bexiga e vesícula. O médico – indicação de um grande amigo meu – disse que tinha que operar e que o valor da anestesia era tabelado, portanto não precisava me preocupar. Ok! Eu, como bom moço, a princípio, tenho a tendência de acreditar em todos.

Sabia que o meu plano de saúde – assim como nenhum outro – cobria todo o valor da anestesia, mas não imaginava que poderia ser tão pouco. Conclusão: a anestesista, mãe do médico, no dia 4, pediu que eu respirasse uma... duas... três e zump! Como num passe de mágica de Paulo Barros, 2 mil reais sumiram da minha conta bancária.

Mas fiquei com um brinde: um cateter, o famoso duplo J, dentro de mim para ser retirado ainda esse mês. Mais uma vez, vou contar um... dois... três e zump! Menos 2 mil reais na minha conta sumirão num passe de mágica.

Agora, como tenho o ureter estreito – nunca tenham o ureter estreito, é uma merda – vou ter que passar por nova incursão cirúrgica e depois de restabelecido, será a vez e hora da incisão na vesícula.

Vão contando aí... um... dois... três e zump!


PRIMO POBRE E PRIMO RICO
Essa história fez-me lembrar uma das histórias do primo pobre e primo rico do Brandão Filho e Paulo Gracindo, em que o primo pobre, como sempre, vai pedir dinheiro para o primo rico para resolver um problema da mulher.

A desculpa do primo rico era sempre a mesma: comparava o problema do primo com o seu próprio problema em escalas bem diferentes.

Dessa vez a mulher do primo pobre estava com uma pedra na vesícula e tinha que retirar, mas ele não tinha dinheiro. Estão acompanhando? Como os problemas da mulher do primo pobre eram sempre muito parecidos com os do primo rico, dessa vez o problema da classe mais abastada era retirar da alfândega uma pedra preciosa vinda da Bélgica.


BRANCA REGINA NEVE
Continuando na linha do Mundo Encantado, tem uma passagem na animação da “Branca de Neve e os 7anões” em que ela procurando um lugar para passar a noite, depois de fugir pela floresta, encontra a casa dos pequenos futuros amigos. Ao entrar, depara-se com uma casa pequena, empoeirada, com muita louça para lavar e com móveis, proporcionalmente, pequenos. E conclui: tratar-se de uma casa de pequenos órfãos. Isso me soou familiar.

Sábado passado, finalmente, a Dona Regina – filha da falecida proprietária do apartamento que alugo – veio conhecer um dos cinco apartamentos do prédio que agora lhe pertencem: o que moro. Desde que a falecida bateu as botas, ela vem tentado marcar um dia para uma visita. Mas como eu só posso aos sábados, e aos sábados ela não pode, não havia combinação. Mas no sábado passado, ela não viajou e não escapei.

Muito educada, ligou e perguntou se podia me visitar. Não tinha como negar. Ela disse que tinha acabado de sair de uma aula de yoga, tomaria um banho e viria. Pediu para colocar o carro na minha vaga e perguntou por onde deveria entrar. Expliquei, e ela me passou as características do carro. Um Kia preto.

Estava preocupado com a visita por causa das portas dilaceradas pelo Joachim. Por estratégia, deixei a porta da sala aberta para recebê-la, e a pequena confusão de segurar o Joachim fez perder um pouco a atenção naquilo que não queria que ela percebesse.

Trajando um vestido de verão branco e óculos de cobrir metade do rosto, chegou com um sorriso acolhedor. Cabelos castanhos soltos, exalava um aroma e frescor de quem, realmente, acabara de tomar um banho. Um homem jovial, apesar de aparentar a melhor idade, a acompanhava. Pelo seu traje – camisa pólo e jeans – percebia-se tratar de um executivo em fato de final de semana. Apressei-me em avisar que tinha um cachorro e que ele pulava. Ela mais do que depressa se afastou, na intenção de proteger o vestido branco incólume.

Educada, foi percorrendo o apartamento, e eu atrás fazendo os comentários dos prós e contras do seu bem. Não sei se agi certo. Os comentários dela mostravam a total inabilidade com um apartamento no bairro de botafogo. “Ah! Você tem ar condicionado?! Ponto para internet e tv a cabo!” “Na cozinha cabe uma geladeira, muito bom”. “Cabe, também, uma máquina de lavar, maravilha.” “O chuveiro do quarto de empregada funciona?”. “Sol da tarde ou da manhã?”. Concluiu: “Um bom apartamento”. Fico imaginando o que será que ela esperava encontrar.

Sabia tudo de mim, mas eu, nada dela. Mas logo fui tratando de retirar a chancela que me apresentaram: “você trabalha na Petrobras”. “Não, hoje, trabalho na Secretaria de Cultura” – respondi. O homem de final de semana perguntou: “ do estado?”. Respondi que sim. Não sei se isso era bom ou ruim.
http://www.youtube.com/watch?v=nN1BegE3QR0


ACORDA ALICE
Em breve, nos nossos cinemas, Tim Burton nos saldará com uma bela obra cinematográfica. Será mais uma adaptação vinda da literatura, dessa vez “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll. Uma das obras inglesas mais adaptadas para o cinema, TV e teatro.

É uma história fantasiosa de uma menina que por um descuido cai na toca do coelho que dá passagem para um mundo extraordinário, cheio de personagens loucos e, por vezes, maquiavélicos. É uma história que evoca a transição, a passagem de um lugar – ou estado –, para o outro.

Não estou em condições de transformações corpóreas, já cresci o suficiente na vertical e não pretendo crescer na horizontal, mas mudanças são sempre inesperadas, para mim. Mas vejo que isso será inevitável. Tenho que acordar desse sonho louco.

http://www.youtube.com/watch?v=1-H5DC9SmOI


AGULHA DA BELA
Ainda me lembro das previsões do astrólogo e radialista, o primeiro esotérico famoso do rádio brasileiro: Omar Cardoso. Em uma das suas previsões ele dava significado para sonhos com agulhas. Agulha em geral é mau sinal.
Agulha de costura > desgosto causado por um ferimento do seu amor próprio
Agulha de tricô > mexerico e intrigas
Enfiar a linha numa agulha > realização de matrimônio
Ver a agulha quebrar-se, partir-se > perda de dinheiro, de emprego ou de situação. Na mulher, pode indicar doença uterina.
Interpretação psicanalítica > agulha é um símbolo sexual


HAPPY END INCOMPLETO
Todos os contos de fadas terminam em “happy end”, mas nesse meu texto será diferente, pela nossa felicidade segundo Jabor, Comte-Sonpoville e Cardoso.

Nessa última terça-feira, li a crônica do Arnaldo Jabor no Jornal O Globo e achei interessante. Um texto sobre felicidade: “Acabou o tempo do ‘happy end’ ”. Seu texto vai ao encontro de um outro texto de um outro autor. Um texto sobre o incompleto, de Mário Esteves Cardoso. Segundo o Mario:

“Nunca vou ao fim das coisas. Tudo começa. Nada acaba. Eu não deixo. No meu sonho, tudo se repete, mesmo que seja preciso interrompê-los de vez em quando. Tenho medo que acabem. Porque é que se hão-de levar as coisas ao fim?

Amo o incompleto, o suspenso, o atravessado, o interrompido. Os fins entristecem-me. Viver as coisas até o fim é matá-las.

E trocá-las por outras novas é traí-las. Melhor trazê-las sempre, duvidosas e imprevisíveis mas ainda gostadas e presentes.”



Jabor chega a uma conclusão, parecida. Segundo ele, não devemos procurar o amor eterno, pois é melhor a vida como grandes aventuras, onde as emoções fortes, as perdas, as lágrimas são sentidas em sua vivacidade e plenamente. Deve-se procurar a “intensidade” em vez da “eternidade”. E, aceitando dessa forma a vida que levamos, a saudade virá “como excitação; a dor com prazer; a parte, como todo; o instante, como eterno.”

“Enquanto sonharmos com a plenitude, seremos infelizes. A felicidade não é sair do mundo, como privilegiados seres, mas entrar em contato com a trágica substância do não sentido. Temos que ser felizes sem esperanças.”


Aí, eu vou buscar outro escritor e filósofo, também, que gosto muito, André Comte-Sponville, que baseado principalmente em Spinoza, escreve:

“ Só esperamos o que somos incapazes de fazer, o que não depende de nós. Quando podemos fazer, não cabe mais esperar, trata-se de querer. É a terceira característica: a esperança é um desejo cuja satisfação não depende de nós. Eu dizia: esperar é desejar sem gozar; esperar é desejar sem saber. Posso acrescentar: esperar é desejar sem poder.

(...) O que é esperança? É um desejo que se refere ao que não temos (uma falta), que ignoramos se foi ou será satisfeito, enfim cuja satisfação não depende de nós: esperar é desejar sem gozar, sem saber, sem poder.”