domingo, 2 de maio de 2010

CURTA A NOSSA LÍNGUA

HARPIC POWER PLUS

Não é de hoje que convivemos dia a dia com expressões e palavras em inglês. Em lojas, bares e restaurantes; na hora de comprar algum equipamento elétrico ou eletrônico; na publicidade; no trabalho... nos deparamos, sempre, com todo tipo de nomes que às vezes nos confundem ou nos atordoam. Atordoado fiquei no dia que vi o anúncio estrelado pela Indrid Guimarães. Parecia um quadro humorista, o que corroborava ela também ser uma atriz desse gênero.

Ela batia na porta de uma suposta amiga e perguntava se podia ver o que ela usa para limpar o vaso sanitário – tudo muito trivial. Após a resposta da amiga, ela anuncia algo revelador: “Só o novo HARPIC POWER PLUS elimina tudo isso (sujeiras e bactérias) que deixa o seu vaso completamente limpo e desinfetado”.

Agora, repitam comigo rápido: HARPIC POWER PLUS. Não parece coisa do Casseta e Planeta?

http://www.youtube.com/watch?v=G2q7MoMmIOE
http://www.tellyads.com/show_movie.php?filename=TA2526



COISA DE BOTECO PARA INGLÊS LER

Nessa mesma semana, li na coluna do Joaquim Ferreira que o bar Boteskina, em Copacabana, está adotando em seu cardápio, meio que por gaiatice ou para atrair turistas, os nomes de seus pratos traduzidos de forma literal. Lá poderemos encontrar um Contra-filé como “Against File”, um arroz à grega como “Rice to the Greek” e um Garotinho (o chopp) como “Chopp Boy”.



ARTE DE BOTECO

Assim como tem comida de boteco, deveria instituir a “Arte de Boteco”, corroborando com a idéia de um grande mestre. Há duas semanas, recebi do meu sempre professor – ele está sempre nos ensinando – um de seus pequenos trabalhos de desenho feito numa mesa de bar (ilustração que segue nesse texto).

Segundo o mestre Eppinghaus, a técnica é simples: marcação básica feita rapidamente com caneta hidrocor preta, cuja tinta permite manchar o papel quando se aplica líquido sobre as linhas estabelecidas. Feita a marcação, o próximo passo é a utilização rapidíssima de pincel com ponta fina, embebida em chope (poderia ser água, café etc) sobre determinadas áreas, de modo a obter efeitos de luz, brilho e sombra. As manchas excessivas foram esmaecidas com auxílio de guardanapo de papel. O resultado é um desenho feito por “nuvens” de manchas choppeladas.

Boteco é um lugar ótimo para comer, beber, fazer arte e jogar conversa fora – mas, podemos guardá-las também.



NÃO JOGUE NO LIXO

Ainda dentro do tema “letras” e seus derivados, um prato cheio para imprensa nesses últimos dias foi a confusão envolvendo o grupo editorial Ediouro, a distribuidora Superpedido e as livrarias. De uma forma destrambelhada, o Grupo comunicou a mais de 400 livrarias do Brasil, por meio de e-mail, uma nova política para devolução de livros que não fossem vendidos. A capa, a quarta capa e a ficha catalográfica deveriam ser devolvidas e o miolo poderia ser destruído. Aquele livreiro que não quisesse destruir o livro, teria a opção de comprá-lo da editora com desconto de 60%. Houve, imediatamente, uma manifestação contra a essa nova política, e o Grupo voltou atrás levando em consideração as justificativas bem embasadas e relevantes dos livreiros com o objetivo de evitar a destruição de livros em um país carente de acesso a leitura.

Segundo o diretor do Grupo, essa política tinha como objetivo reduzir os custos de frete e processamento, além de ser uma política adotada em outros países. Mas esqueceu de informar que essa política, adotada em outros países, é utilizada para exemplares como almanaques e guias que ficam desatualizados e não podem ser repostos no mercado. Para os livros existem outras formas de comercialização, disponibilizando-os para feiras, sebos, descontos e promoções.
O Grupo está estudando a possibilidade em doar alguns dos livros devolvidos, além de oferecer um desconto de 80% aos livreiros que comprarem todas as obras em consignação.



ABRINDO E FECHANDO ESPAÇOS DE LEITURA

Ainda escrevendo sobre livros, essa semana a livraria da Casa Laura Alvim, Dona Laura, fechou. É a terceira livraria que o bairro de Ipanema perde em 6 meses, as outras duas foram Letras e Expressões e Renovar. A livraria Travessa e Galileu continuam firmes e fortes. Mas, em compensação, um novo espaço foi inaugurado essa semana, com a presença do Governador do Estado, das Secretárias de Cultura e Educação e do Ministro da Cultura, além de várias personalidades como Perfeito Fortuna, Gutti do Nós do Morro e Maurício do Souza, entre outras. A Biblioteca-Parque de Manguinhos abriu para todos e, principalmente, para as comunidades da Zona Norte em seu entorno, e tem como madrinha a personagem de Histórias em Quadrinhos, Mônica.

A Biblioteca, construída onde era um depósito de Suprimentos do Exército, tem um acervo de mais de 25 mil livros que poderão ser manuseados diretamente pelo leitor sem precisar uma solicitação. Todos os livros estão numa base de dados que pode ser acessada por meio de um dos 40 computadores. Os freqüentadores do novo espaço poderão assistir aos mais 900 filmes em DVD que podem ser disponibilizados em uma das suas 5 televisões de LCD e escutar mais de 3 milhões de músicas em aparelhos de MP3. Tudo isso espalhado em dois grandes salões ligados por rampas que possibilitam o livre acesso para qualquer pessoa. Além disso, o espaço possui uma sala de leitura para pessoas com deficiência visual, jardim de leitura, ludoteca, café e um cineteatro, que ainda não está em funcionamento.

Em seu discurso, a Secretária de Cultura quase ia esquecendo de mencionar o que segurava em sua mão. Era um dos 3 exemplares do livro digital que poderão ser retirados e levados para casa pelos leitores cadastrados. Houve quem comentasse logo após: “... e não volta mais”. É ver para crer, e torcer para que tudo der certo.

O projeto é maravilhoso, mas sem uma política de ação constante com programação e projetos que mobilizem a comunidade do entorno, os resultados poderão não corresponder ao que se deseja. E para isso, uma das iniciativas é incluir dentro do conselho que regirará a Biblioteca, membros da comunidade.



DOE PALAVRAS

Já o Hospital Mário Penna, em Belo Horizonte, que cuida de doentes de câncer, lançou um projeto sensacional que se chama "DOE PALAVRAS". Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.

Você acessa o site
http://www.doepalavras.com.br/, escreve uma mensagem de otimismo,curta (como twitter) e sua mensagem aparece no telão para os pacientes que estão fazendo o tratamento. A reação dos pacientes é muito positiva e isso ajuda na sua recuperação e tratamento.

Participem, não apenas hoje, mas, todos os dias, dêem um pouquinho das suas palavras e de seus pensamentos.


PALAZYAN

Precisaria bem mais que quatro parágrafos para escrever sobre a exposição da artista Rosana Palazyan. Mas como a proposta da exposição é ser um site-specific – construída para aquele espaço que o transforma em lugar de convivência –, nada mais apropriado para fazer parte dessa coletânea de impressões. A primeira coisa que me veio a lembrança foi uma das perguntas do livro de perguntas de Pablo Neruda: “Por qué los árboles esconden el esplendor de sus raíces? “

O nome da exposição é “O Jardim das Daninhas”, instalada no átrio da Casa França Brasil, e está dividida em 3 partes: “por que daninhas”, “o realejo” e “em no lugar do outro”, são trabalhos que “perpassam” – acadêmico adora usar essa palavra – a “tecedura do texto” (ficou esquisito!). E, aqui, me reservo a comentar apenas “por que daninhas”.

É um trabalho delicado e quase “sacro”. A artista cria pequenos relicários com as plantas sutilmente inseridas nas tramas de um tecido leve e transparente e, em suas raízes, borda frases com fios de cabelo, como por exemplo: “ainda não foi descoberta uma qualidade que as transformem em cultura.”.

A ideia desse trabalho surgiu quando estava pesquisando sobre borboletas. Ela descobriu que o extermínio de plantas daninhas estava ameaçando de extinção borboletas e insetos. As frases que compõem os trabalhos foram retiradas de livros de agronomia e, segundo a artista, têm muito a ver com o modo que a sociedade vê as pessoas que estão à margem.

A exposição vai até o dia 20 de junho e deve ser aproveitada.



VOCÊS SABEM O QUE É TAUTOLOGIA?


Dia desses, recebi um e-mail – desses que recebemos todos os dias – com a seguinte pergunta : "VOCÊS SABEM O QUE É TAUTOLOGIA?". E nele vinha a resposta : “ é o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.”

O exemplo clássico é o famoso “subir para cima” ou o “descer para baixo”. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .


VISITANDO TRADIÇÕES e CIRCULAR DO FARO

Foi com uma imensa satisfação que, no mês passado, descobri o trio “Visitando Tradições”. Composto por Pedro Jaguaribe, percussão, Lucas Carvalho, violão, e Rubá Brauns, bandolim, fazem uma música com influência internacional de várias épocas. O trio se apresentou no projeto “Música no Museu”, mas pode ser encontrado nas casas da Lapa.

Esse é um trabalho oriundo de um outro grupo no qual os três músicos também fazem parte, “Circular do Faro”. Se no “Visitando...” os músicos mesclam as músicas de vários países e tempos com os ritmos nacionais, no “Circular...” concentram-se nos baiões, frevos, sambas, reggaes, skas e marchas.

Tanto em um como no outro, é uma viagem sem medo de se perder.

http://www.myspace.com/visitandotradicoes
http://www.myspace.com/circulardofaro