sexta-feira, 24 de abril de 2009

ROSAS ONTEM. AMANHÃ, CRAVOS DA LIBERDADE


Amanhã, comemoram-se os 35 anos da Revolução dos Cravos. Não se trata de uma briga entre uma florista e uma sardinheira nas ruas do entorno da Feira da Ladra, mas a Revolução que deu liberdade ao povo português, depois de anos de regime salazarista. Acredito que tenha sido a Revolução de cunho militar, em sua origem e manifestação, mais romântica que tenhamos notícia. Romântica do início ao fim. Romântica em sua origem (capitães de baixa patente), em seu desenvolvimento (as senhas, para invasão a Lisboa, foram duas músicas transmitidas pelo rádio) e em seu final (distribuição de cravos aos soldados).

http://www.youtube.com/watch?v=RhDXm9fu1P0&feature=related


CAPITÃES DE ABRIL
Os capitães foram os grandes protagonistas da revolução e retratados no filme da atriz Maria de Medeiros. Filme, de 2000, ambicioso para uma cineasta iniciante e por isso um pouco inconstante. Mas da para se ter uma ideia do clima da época.


A SOMBRA DE UMA AZINHEIRA, JUREI TER POR COMPANHEIRA GRÂNDULA TUA VONTADE
“Grândula Vila Moreana” foi a música composta por José Afonso (Zeca Afonso) em 1964 e escolhida pela revolução para ser a segunda senha para a invasão militar à cidade de Lisboa. A canção refere-se à fraternidade entre as pessoas de Grândola, no Alentejo, e teria sido banida pelo regime salazarista como uma música associada ao Comunismo.

Ela foi transmita no programa “Limite" da Rádio Renascença às 0.20h do dia 25. Foi o sinal para o arranque das tropas mais afastadas de Lisboa e a confirmação de que a revolução ganhava terreno.

Descobri um vídeo no youtube com a música interpretada pela Amália Rodrigues, mas, o que mais me chamou a atenção, foi a discussão entre dois portugueses por meio dos comentários. Um partidário e outro contra. Sinal da liberdade de expressão.

E viva a LIBERDADE!

http://www.youtube.com/watch?v=OHNHd-fIHHc&feature=related

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade


DAZKARIEH E MATRIZ
Para não me libertar, ainda, da Sta Terrinha, aí vão duas dicas musicais de além mar e que tem em seu mote, de uma certa maneira, a liberdade.

A primeira dica é o grupo ou, como está na moda denominar, o coletivo Dazkarieh. Acabei de descobri-lo, e está lançando o seu segundo cd. O que chama atenção nesse “coletivo” é a liberdade em que usam as raízes tradicionais do canto português. Pura imaginação de lugares, estilos e repertório. http://www.dazkarieh.de/Dazkarieh_Fanbase/Video.html

A segunda não é novidade, é apenas a constatação que a liberdade das amarras, porém muito gostadas, lhe estão a fazer muito bem (percebem que ao tratar de temas lusos, aproprio-me de tudo). Matriz é o terceiro trabalho solo da ex-intérprete do grupo Madredeus, Tereza Salgueiro.

Nesse trabalho, a cantora, também, a exemplo do “coletivo” acima, vai buscar nas raízes portuguesas inspiração. Sonho antigo, o trabalho vai desde as cantigas medievais, algumas escritas pelo rei D.Dinis, até aos contemporâneos Fernando Lopes Graça, Carlos Paredes e Fauto, passando pelo fado.
http://www.teresasalgueiro.pt/indexen.html

terça-feira, 21 de abril de 2009

Dia Mundial da Terra

O Dia da Terra foi criado em 1970 quando o Senador norte americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição. É festejado em 22 de abril e a partir de 1990, outros países passaram a celebrar a data.

Vejam aqui 3 iniciativas para a proteção do meio ambiente:

> reaproveitamento do óleo de cozinha

Jogar o óleo na pia, em terrenos baldios ou no lixo acarreta três fins desastrosos:
· causa entupimento das tubulações;
· causa danos à fauna aquática;
· em decomposição, causa mau cheiro e agrava o efeito estufa.

Algumas ações regulares para esse problema:
. em São Paulo (
www.trevo.org.br);
. no Rio de Janeiro, com os postos implantados pelo Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais, o Prove, firmado entre a iniciativa privada, a Refinaria de Manguinhos e a Secretaria de Meio Ambiente do Rio com coleta no Circo Voador ou pelo disque óleo (21) 2260 3326 (
www.disqueoleo.com.br);
. e no Distrito Federal (
http://www.ecolimpdf.com.br/)

> coleta de materiais recicláveis

Podemos conjugar a preservação do meio ambiente com descontos em contas públicas ou na venda desses materiais, vejam aqui alguns exemplos
. em Niterói, esse mês, está sendo realizada uma campanha de coleta de matérias recicláveis. Um estande itinerante da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) e da Ampla coletam o material reciclável em troca de descontos na conta de energia elétrica. Desde a semana passada, a tenda está percorrendo cinco bairros da cidade.Quem levar seu lixo reciclável até um desses ecopontos ganhará um bônus, descontado na fatura de luz.


. a campanha “Pintou Limpeza”, em São Paulo, procura melhorar o problema do lixo na cidade por meio de ações de educação e conscientização ambiental, com reciclagem de embalagens pós-consumo, palestras e diversas ações sociais.


. a Tetra Pak (embalagem de leite, de sucos vale e ades, por exemplo) procura apoiar diversas iniciativas que auxiliam na correta destinação dessas resíduos. Essas iniciativas podem ser implantadas tanto por iniciativa da prefeitura como pela organização de cooperativas de coleta de materiais recicláveis (que podem ou não trabalhar em conjunto com o poder público) ou ainda por iniciativas pessoais, de associações ou de empresas.



. com o apoio do ISER, entre outros segmentos sociais (governo, empresariado, ONGs e comunidades), e por iniciativa da Petrobras, foi criado o projeto Agenda 21 COMPERJ, devido à implantação futura do empreendimento COMPERJ (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) .
http://www.iser.org.br/

> políticas públicas
Políticas sérias e de continuidade permitem mais recursos para o estado e uma forma do município manter a qualidade ambiental das cidades. O ICMS Ecológico e o IPTU verde são algumas delas.

Em 2007, a Lei do ICMS Ecológico garantiu o repasse de mais de R$ 375 milhões a 133 municípios paranaenses que possuem mananciais de abastecimento ou unidades de conservação em seu território. Desde que foi criada, em 1991, de forma pioneira no Paraná, a legislação, que prevê o repasse de 5% do total arrecadado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Paraná à conservação ambiental, já assegurou o repasse de quase R$ 80 bilhões a estes localidades. Além disso, outros dez estados brasileiros implantaram a Lei com base na legislação paranaense, como o caso do estado do Rio de Janeiro.

Sancionada pelo governador Sérgio Cabral em outubro de 2007, a Lei do ICMS Ecológico estabelece o repasse para 92 municípios fluminenses. As prefeituras que investirem na preservação ambiental contarão com maior repasse desse imposto, que pode ultrapassar R$ 100 milhões, em 2011.

O IPTU Verde, em algumas cidades, estabelece uma redução de 5% a 50% dependendo do terreno. Essa lei, criada em 1991, é pouco conhecida nas cidades. Essa é uma das ações que fazem parte do Projeto Município Verde, implantado em São Paulo, e que confere a cada dos municípios prioridade na captação de recursos do governo do Estado. O primeiro colocado dos municípios paulistas é Santa Fé do Sul.

Além de Santa Fé, 44 cidades receberam o Selo Verde por terem obtido nota acima de 80, o que significa que possuem uma bem estruturada agenda ambiental, com propostas de melhorias ambientais adequadas à municipalidade.

O cumprimento das ações propostas pelo Município Verde já representou um retorno ambiental significativo, segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, como a criação de 280 projetos de recuperação de matas ciliares e a construção de 216 viveiros para projetos de arborização urbana.

Na área da educação, foram criados 120 leis ou decretos municipais que definiram o tema ambiental como disciplina transversal nas escolas públicas. Além disso, foram computadas 176 ações de capacitação de educadores.

domingo, 19 de abril de 2009

CONEXÕES COM SITE-SPECIFIC

Oi! Vivo pensando em como realizar aquela ideia que lancei em janeiro, e que na verdade foi uma ação promocional de uma operadora de telefonia celular, T-Mobile. Vocês lembram daquele videozinho no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=VQ3d3KigPQM)?

A ação - realizada na Liverpool Street Station - tinha o intuito de promover o lema "Life's for Sharing" (A vida é para compartilhar). Cerca de 350 dançarinos profissionais fizeram uma performance de três minutos apresentando vários ritmos musicais. O trabalho do grupo Third Rail Projects, Undercurrent & Exchange (http://thirdrailprojects.blogspot.com/), que é uma série de performances de 10 minutos no centro empresarial World Financial Center, me fez lembrar isso.

Pois bem, existe uma moda, comportamento, tendência, movimento, sei lá como denominar, nos EUA, chamado Site-specific. O Site-specific é o “espaço” para a realização de ideias e projetos para aquele determinado local. É uma forma de arte que interage com o espaço no qual a obra será executada, ou localizada. Assim, podemos ver desde um grupo de artistas como o Third Rail Projects (http://www.thirdrailprojects.com) que utiliza a arte como um veículo para mudança social positiva dentro de espaços públicos e urbanos, até trabalhos em lugares mais institucionalizados e que subvertem o próprio conceito do novo “movimento”, como o trabalho do artista argentino Leandro Erlich que colocou uma piscina no PS1 (http://ps1.org/exhibitions/view/207/).

Trazendo para os nossos trópicos, podemos associar alguns projetos do Conexão Artes Visuais MinC/Funarte/Petrobras realizados ao longo de 2008 a esse novo “movimento”. Como por exemplo: “Expedição Francisco” (http://www.expedicaofrancisco.net/), “Galerias Subterrâneas”, “Interações Florestais” (http://www.terrauna.org.br/) e “Lomba Alta” (http://www.lombaalta.org/).

Vale uma conferida.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Últimas CURTINHAS da semana.

Vamos emagrecer
Os gordinhos agora vão pensar duas vezes antes de comprar uma passagem pela United Airlines. A Cia – depois de receber muitas queixas de passageiros que se sentem desconfortáveis pela invasão da massa corporal dos companheiros de viagem – resolveu cobrar mais um bilhete ou uma passagem na classe executiva para quem for “gordinho”, se a empresa não encontrar dois assentos desocupados no vôo.

Agora, qual vai ser o critério para determinar se a pessoa é obesa ou não? Será que uma mulher melancia cabe naquelas poltroninhas da classe econômica?

Vai dar praia
Voltando para o fator obesidade, hoje o meu professor de spinning quis provocar as meninas da turma. Diante da embromação das moças, ele apelou: “Esse final de semana vai dar praia... se vocês não fizerem direitinho, vão ter que chamar uma amiga gordinha pra ir com vocês” E acrescentou: “Esse exercício agora é para aquelas que, ainda, tiram a canga sentadas.”

Vai dar praia... agora para os homens
Ontem, escutei no rádio (agora escuto rádio) que nos EUA vão colocar no mercado um produto revolucionário e que aumentará, consideravelmente, as vendas dos produtos na linha sportwear.

O produto, exclusivamente para os homens, é uma sunga em que ao contato com a água faz com que o “menino” aumente, e vire um rapagão. Será? Segundo o fabricante, pesquisas mostraram o constrangimento dos homens ao saírem da água de forma tímida, quase inexpressiva. Deve ser a água fria.

Livro de Cabeceira
Antes falava-se muito dos livros de cabeceira, hoje a polêmica gira em torno dos livros da mesa de centro da sala de estar.

Com dinheiro público ou privado? Apenas uma provocação.

Segura a língua Sarkozy
Sarkozy devia ler a revista de domingo do jornal O Globo, aí teria mais cuidado no que diz. A coluna “Entreouvido por aí” poderia ser um alerta para ter mais cuidado no que se fala, mesmo entre ouvidos. Ficou feio falar que o Obama é “inexperiente”.

E por falar em OBAMA
Vocês sabiam que esta semana pode ser o comeco de uma nova era para Cuba? O fim do embargo economico imposto pelos EUA? O Presidente Obama estará presente na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago onde lideranças latino-americanas estarão pressionando-o pelo fim do embargo. Clique no link para colocar o seu nome na peticao - ela sera levada a Trinidad e Tobago num banner gigantesco de barco!

Hoje vemos um sinal de esperança inédito, há realmente chances das relações EUA-Cuba mudarem. Por toda a América Latina, nossos líderes estão pedindo para o Presidente Obama abrir o diálogo com a ilha. Nos EUA, pesquisas recentes revelam que três quartos da população querem uma mudança na política de isolamento, até mesmo grupos conservadores de exilados cubanos nos EUA apóiam a mudança.
Assine a petição agora e encaminhe este email para seus amigos, e fique de olho no nosso barco este fim de semana em Trinidad e Tobago! http://www.avaaz.org/po/lift_cuba_embargo/98.php/?CLICK_TF_TRACK


SIM!
Antes que me perguntem: sim. Sim, é verdade!


50 anos
Roberto Carlos está completando 50 anos de carreira. Palmas pra ele, que ele merece. Eu não sou personalidade e nem global, mas quero registra algumas das minhas músicas favoritas, do tempo da Jovem Guarda: “Feio”, “Pega Ladrão”, “ Quero que vá tudo pro inferno” e “ Sorrindo para mim”

Sorrindo para mim
Meu bem eu vou partir

Mas sem me despedir

Você vai chorar

E eu não quero ver

Quero recordar

Os seus olhos assim

Brilhando de contente

Brilhando alegremente

Sorrindo para mim

Na minha viagem levarei

Como recordação um beijo seu

Você vai ficar longe de mim

Mas não quero vê-la triste assim

Mas quando eu voltar

Serei feliz então

Posso lhe entregar

O meu coração

Mas quero encontrar

Os seus olhos assim

Chorando na verdade

Mas de felicidade

Público ou Privado?



Como todos já sabem, estive, na segunda-feira, dia 13 de abril, no encontro entre a classe teatral e o Ministro da Cultura, Juca Ferreira. Entre os manifestos mais interessantes da noite, citei os das atrizes Camilla Amado e Guida Vianna, e do ator e diretor Dudu Sandroni. Essa semana, o jornal O Globo publicou uma matéria em que aborda uma das questões levantadas por Sandroni. Na verdade, é apenas um ponto do discurso para desestabilizar a justificativa que a toda hora é colocada – que o dinheiro da Lei Rouanet é público – e, com isso, um compromisso maior e uma efetiva democratização. Seria, aqui, uma discussão longa, pois para mim, há de se ter um cuidado com tudo, seja privado ou público. Vivemos numa sociedade. E controle, tem que se ter com moderação para não haver distorções. Mas não quero seguir esse caminho.

Encaro esse dinheiro como privado, posso estar sendo ingênuo ou simplista, mas sigo o seguinte raciocínio – aí, peço ajuda, não aos universitários, mas aos magistrados de plantão – que a Lei, em questão, foi um mecanismo criado para mobilizar recursos para a Cultura por meio, principalmente, da iniciativa privada; que a Lei é de isenção de imposto, renúncia, ora o que é renunciado passa a não ser mais seu (entenda-se do estado); e, terceiro, que é uma opção daquele que possui o dinheiro (pessoa jurídica ou física) em “empregá-lo” pagando os impostos públicos ou financiando projetos culturais que são escolhidos por ele.

Talvez o mais importante a ser discutido, e que, na verdade, foi a grande colocação do ator, é o compromisso do Ministério em aumentar o seu orçamento. O Ministro respondeu as colocações de Dudu, um pouco inseguro com os números, que o orçamento para a sua pasta passou de 0,2 % para 0,6%, mas ainda não atingiu a meta de 1% apregoado pelo ex Ministro Gilberto Gil.

A indústria automobilística, por exemplo, acabou de ter o seu IPI reduzido, estimulando a venda de veículos que passam a custar menos. Bom, é imposto também, não é? Esse dinheiro iria para o Estado, não iria? Mas nem por isso, vou lá na Fábrica requerer ou fazer discurso dizendo que a maçaneta do carro é minha, também, por ter sido feita com dinheiro que foi “desviado”, no bom sentido, para a sua produção. O meio, ou estrutura, pode ser um pouco diferente do aplicado na Lei Rouanet, mas no “frigir dos ovos” é tudo a mesma coisa. Como um bom e simples sanduíche de pão com ovo.

A diferença entre as duas economias, vamos colocar dessa forma, é que uma é muito bem localizada e, portanto, pode-se estabelecer mecanismos mais nítidos com prazos e recursos fixos e determinados. Já com a cultura, não. É uma economia fluida onde os atores dessa produção estão sempre a mercê de várias e distintas condicionantes, o que torna muito mais complexa e complicada uma solução.

Hoje, no jornal, tem uma manchete que a projeção da arrecadação Federal de 2009 será menor que a do ano passado para o mesmo período, em virtude das isenções fiscais dadas pelo governo como solução à crise mundial. A arrecadação do IPI, por exemplo,será de -31,51% em comparação a arrecadação do imposto de renda da Pessoa Jurídica que terá um aumento de 1,89%. Vejam, não sou contra a esses mecanismos, acho, sim, que eles são necessários, mas o que o governo não pode ignorar é que existe uma economia por trás da produção Cultural. e que deve ser pensada com responsabilidade e cuidado. Não devemos crucificar as Empresas Privadas e os estados onde a demanda por esses tipos de projetos é maior. Senti no discurso do Sr. Ministro uma certa dor de cotovelo quando menciona a divulgação de projetos importantes no estado de São Paulo por Fundações com grande notoriedade, alegando que o dinheiro oriundo daquele patrocínio é público, proveniente da Lei Rouanet. Ora, não há como negar que é proveniente da Lei, em todos os impressos e meios de comunicação estão estampados e mencionados os devidos créditos, pois isso é uma das contrapartidas da Lei. O que não podemos é desmerecer o mérito do projeto e aquele que o executou em virtude de sua exposição na mídia, pelo contrário devemos incentivar e elogiar tal iniciativa, pois se não for assim, tudo poderá ficar nas mãos do Estado. E todos sabemos que o Estado não possui estrutura e orçamento para tanta demanda.

O que mais me admira em tudo isso, é que diante de tantas denúncias de desvios de dinheiro público e do mau comportamento de nossos parlamentares, juristas e ministros, sem querer generalizar, a bandeira levantada, talvez para a mobilização da massa, seja colocada dessa forma: a utilização discriminatória da Lei, enfatizando que o seu recurso é proveniente do dinheiro público, que gera privilégios e aumenta as diferenças sociais e regionais. Sem esquecer que são os departamentos de marketing (coitados) que escolhem os projetos. Não é possível que depois de tanto tempo, o uso da Lei não tenha gerado mais resultados positivos do que negativos, pois não os nego. Deve existir menos rancor e mais ponderação para conseguirmos uma solução. Dito isso na primeira pessoa do plural.

Sem meia para as velhinhas



Na última segunda-feira, dia 13 de abril, fui ao encontro entre a classe teatral e o Ministro da Cultura, Juca Ferreira. Deve-se destacar e parabenizar essa iniciativa: colocar em discussão pública a nova proposta de projeto de lei em substituição a Lei Rouanet. Depois de mais de 4 horas de discussão, o que ficou, para mim, foram os discursos de Dudu Sandroni, Camilla Amado e Guida Vianna. Uns claramente contra a nova proposta de projeto de lei (ainda não é nem projeto de lei) e outros nem um pouco seguros com a substituição da lei vigente (Lei Rouanet).

Mas quem conseguiu tirar boas gargalhadas da plateia foi a atriz Camilla Amado. Umas de suas preocupações era a bilheteria dos teatros, principalmente com a meia entrada para as velhinhas acima de 65 anos. Segundo ela, essas velhinhas podem pagar a entrada, afinal, a maioria delas vem de VAN. Ela foi vasculhar como era o serviço das VANs e percebeu que se paga combustível, motorista e até lanchinho. Coxinha de galinha e empadinha. Tá muito bom!

Outra tirada espirituosa da atriz foi quando ela virou para o Ministro e comentou: “O senhor está muito melhor do que da vez passada. Eu até comentei: ‘será que ele está fazendo terapia?’. Dessas vez o Senhor está mais para Caetano do que para Gil.”

terça-feira, 14 de abril de 2009

Notinhas curtas 14 de abril


BO e Joaquina

Essa semana a família Obama recebeu a visita de Bo. O cão-d’água-português é a raça mais apropriada para uma das filhas do presidente. Ela é alérgica e essa raça não solta pêlos. Eu já sabia, e sempre quis ter um.

Próximo a nós, quem tem um cão da mesma raça, é o cantor Ritchie. Eu também já sabia, e encontrava com ele na pracinha em frente a academia. O que fiquei sabendo, hoje, é que a cadelinha chama-se Joaquina.


Maria Gadú

Vocês viram a Maria Gadú abraçada com o Caetano Veloso? Tem uma foto estampada hoje no O Globo. Foi após a sua apresentação no último domingo no Cinematheque. Ainda terão mais duas apresentações. Vale a pena.

www.ISOFA.TV

Para mim é novidade... acabei de descobrir na coluna da Flávia Oliveira. Vale a pena dar uma olhada. Achei muito interessante.


mondourbano.wordpress.com

Outra dica é esse site de 3 quadrinistas gaúchos. Eles criaram o Mondo Urbano. São projetos autorais em grupo, ainda não sei muito bem como funciona, não tive tempo de vasculhar, mas me pareceu bastante interessante.


90 anos de Bauhaus

Tudo bem que foi na Alemanha, mas como negar a importância da Bauhaus aqui no Brasil? Em Weimar, comemora-se os seus 90 anos e aqui? Nada?


Teatro

Todos sabem que não sou fã. Mas ultimamente tenho visto bastante e tenho tido sorte. Aí vão 4 dicas: Ainda bem que foi agora ( Teatro Candido Mendes, terça e domingo às 21h), Avenida Q” ( Teatro Clara Nunes, quinta a sábado às 21h30 e domingo às 20h), Clandestinos ( Teatro das Artes, quinta a sábado às 19h30, domingo às 19h) e “Os Estonianos” (a partir de 24 de abril no Teatro Poeira, sextas e sábados às 21h e domingos às 19h.)


Em breve - MAIO

Em breve, estarei escrevendo sobre alguns espetáculos e filmes. Entre eles - já estão na pauta - os curtas “Doce Amargo”, de Rafael Primot e “Alguns nomes do impossível”, de Gabriel Tupinambá. Estou preparando, também, um texto da peça “Os Estonianos”.


sábado, 4 de abril de 2009

Tratado WC

Por uma certa insistência de amigas e para evitar que a memória não me falhe, resolvi escrever logo o Tratado WC.

Não é de hoje, que tenho um certo desconforto em ir a banheiros públicos. Sempre evitei, o quanto pude, dividir com outros homens esse espaço onde as funções fisiológicas são exercidas por todos os seres humanos que procuram ser asseados, mas nem sempre os são. Não preciso ficar descrevendo cada função e ações exercidas dentro de um WC, mas concentrar-me-ei em apenas uma: a de número 1. Essa, por hora, me bastará.

Quando pequeno, uma fatalidade decorrente de um pedido para ir ao banheiro, deixou-me com marcas profundas que até hoje lembro com um certo constrangimento.

No colégio onde estudava, no pré-primário (por favor, senhoras mães de plantão, atualizem para a nomenclatura correta), havia uma professora que causava temor aos alunos. Ela já era velha em seu aspecto – ignoro a sua idade. De pele clara, magra, curvada, dentuça, usando óculos de grau com aros grossos e sempre com o cabelo preso em forma de coque, causava pânico nas crianças, e, em mim, principalmente.

Um dia, pedi para ir ao banheiro. Convenhamos, não havia necessidade para isso, afinal quem necessitava era eu, e se houvesse um impedimento poderia haver consequências desastrosas, se não para ela, para mim com certeza. Dito e feito. Fiquei tão envergonhado que devo ter entrado em choque, pois, deste fato em diante, não me recordo mais de nada. Apenas uma vaga lembrança de me sentir molhado e catatônico. Esse fato teria contribuído para a minha inibição em ir ao WC, mas não foi isso o que aconteceu.

Com o passar dos anos – adolescência e vida adulta –, o incômodo passou a ser menor, mas nunca deixou de existir. O temor e a timidez se transformaram em observação e estratagemas para desempenhar as minhas funções fisiológicas com tranquilidade e isolamento dentro do WC. Um banheiro só pra mim seria impossível, por isso, à custa de muita observância e autocontrole em minhas funções, consegui, ao longo de mais de 40 anos, resolver esse problema. Esse autocontrole permitia-me adiar a ida até o banheiro, às vezes, por horas. Controle completo da bexiga, que me orgulhava muito.

Mas foram as observações dentro desse ambiente masculino, o qual atrai a curiosidade de tantas mulheres, que estarei aqui expondo, como quem desvela um mistério.

Uma das coisas que mais me incomoda dentro do banheiro é o famoso mictório, que foi desmistificado por completo por Marcel Duchamp, em sua obra “O Urinol”. Na verdade não é o mictório em si, mas a sua localização e disposição. Já tive experiências com vários deles e suas derivações. Desde os mais tradicionais feitos em louça, passando pelos de metal e compridos, como condutos cortados pelo meio, pendurados a parede e atravessados por um filhete de água. Paredes, ora ou outra, serviam também para os homens, seres asseados, verterem o ouro líquido de emanação volátil e pertinente. Talvez venha daí a falta de escrúpulo do macho em verter, em espaços urbanos, o líquido ouro.

Mas, voltemos ao espaço circunscrito do banheiro. Assim que entro em um banheiro público, tenho duas opções: a cabine ou o mictório. A cabine para mim sempre foi vista como o lugar para o número 2, ou em minha mente perseguida (nada de analogias, por favor), local para o refúgio daqueles pouco privilegiados pela própria natureza. É notória a importância que os homens dão a esse fato. Para a virilidade masculina – muito embora não seja condição –, a pujança, força e demais atributos de suas funções fisiológicas podem intimidar os seus pares e determinarem-o como macho dominante diante da manada. Nada mais orgulhoso que um ser humano masculino, nas suas atribuições funcionais fisiológicas, verter com força e propriedade todo o líquido dourado, e, a sua volta, intimidar os seus “adversários”. Por isso, muito embora não sendo menos privilegiado, não me atrevo a entrar na cabine para fazer o número 1. Seria a minha derrotada. Ainda que com timidez, enfrento o desafio da comparação visual, auditiva e olfativa.

Aplico, sempre que posso, os meus estratagemas, que vão desde do cuidado em esperar todos irem ao banheiro, posicionando-me por último, até – quando o banheiro é do ambiente de trabalho, por exemplo – eleger o meu próprio mictório. Mas, nesse caso, quando eleito, posso cair numa armadilha ao me deparar com outro em meu lugar. Isso gera um certo desconforto e uma certa desorientação inicial, que tem que ser sanada, muito rapidamente, de modo a não gerar mais constrangimento.

Mas, ainda assim, apelo para a eleição do mictório posicionado da forma mais discreta e distante dos demais. Se não for possível, que seja compartilhado apenas por um dos lados por outro mictório. Nem sempre há uma pequena divisória, entre um e outro, o que geraria tranqüilidade e conforto.

Optando entre a cabine e o mictório e, depois, elegendo – quando a opção é o mictório – pelo mais discreto e solitário; passa-se ao ato. O expurgo. O alívio. O desapego... sim, em alguns casos, de forma a gerar inveja, há um desapego, contrariando até mesmo a minha tese de virilidade masculina defendida acima.

Como eu já citei, às vezes, sou vítima das minhas próprias artimanhas. A eleição é uma delas. A outra é a minha habilidade do autocontrole, que tem os seus prós e contras. O contra é que ao reter por muito tempo o expurgo, você quando se depara com o fato, o jato, não é rápido... custa a sair. Daí,surge um novo constrangimento (vocês nunca pensaram que seria tão complexo fazer um número 1, né?). Você e o mictório, e nada sai. Tudo seria tranqüilo se você estivesse sozinho e tivesse todo o tempo do mundo, mas aí aparece um... olha pra você, e com a maior naturalidade do mundo, o Niagara Falls se estabelece entre ele e a louça branca. Muitas vezes, o cidadão tripudia de você, assobia como se fosse a coisa mais natural da face da terra (e não é?). Ele vai embora, e a situação persiste. Você impávido, nem uma gota. E para piorar o constrangimento, quando sai... é um orvalhar de envergonhar qualquer bebê.

Mas vamos mudar o foco? Vamos passar a análise curiosa dos companheiros de banheiros. Tem cada peça. Um verdadeiro estudo antropológico.

Tem o “Mirador”, aquele que mira em um dos buraquinhos do mictório ou dos plásticos que cheiram a chiclet (sache) e tenta acertá-lo. O alvo pode ser, também, um gelo ou uma das bolinhas de naftalina. Na maior parte das vezes, esse tipo, antes de botar a pistolinha pra fora, dá uma cuspada para determinar o caminho do jato. Urinar vira uma brincadeira. Acertar o furo, num constante fluxo, é o desafio que vai se desfazendo conforme a bexiga vai se esvaziando. Já no caso do gelo, há um prazer em furá-lo com o jato quente e comprimido, gerando formas com resultados surpreendentes, dignas de nossa arte contemporânea.

Há o tipo “Auto-sustentável”. Põe pra fora o bigulinho, que sem qualquer apoio de seu dono, manifesta-se com autonomia e independência. Voluntarioso. Não há necessidade de controle ou direcionamento. O cidadão chega a colocar as mãos na cintura, com muita naturalidade e propriedade, ou mesmo para trás, numa postura belicosa... ameaçadora.

O que chama mais atenção, pelo sentimento de total prazer, é o tipo “Ahhh! Alívio imediato”. É aquele que surge apressado, nervoso, beirando ao descontrole total. A sua ação é sempre concluída com uma exclamação que varia de um “aiiiiiii!!!” até um “uiiiiiiii!!!!”, passando por seus derivativos, proporcionando um alívio compartilhado por todos.

Os “Desinibidos” nos assustam. Compartilham de suas intimidades que nos deixam – pelo menos a mim – sempre envergonhados. Não sou obrigado a compartilhar essas coisas com ninguém. Sem vergonha, ou pudor, deixam a mostra a torneirinha, para quem quiser ver, como se fosse o seu dedo indicador, fura bolo ou mata-piolho.

Mas, o mais esquisito de todos que já registrei, foi um tipo que pensava que estava participando do “Garoto Bundinha de Neném”. Confesso que nunca tinha visto isso antes, apenas com esse cidadão que freqüentava o mesmo banheiro público que eu. Ele arriava as calças até a altura do tornozelo, deixando parecer o cuecão. Desnecessário!

O mais grotesco é o tipo “Sonoplasta”. Aquele que se sente como um técnico de áudio de estúdio de gravação. Em tempos de violência urbana, com os tiroteios constantes, sua ação passaria desapercebida, se não estivéssemos num ambiente fechado. Às vezes um verdadeiro tiroteio é formado por seu comando involuntário (ou voluntário?), e o temor de uma bala perdida se tornar real.

Antes que me perguntem, sou do tipo “Normal”, aquele que interage e que é cúmplice do comparsa da ação. Não há a remota possibilidade de um distanciamento entre nós dois. Somos unidos pelo sacramento natural e ético, estabelecemos condutas próprias e compartilhadas.

E, para terminar o primeiro capítulo desse tratado (não esqueçam que ainda tem o número 2), para todos os tipos, no final da ação, há a famosa e aguardada, sacudidelazinha. Que pode ser discreta, abrupta ou demorada.

No final, faço como Pôncio Pilatos, lavo as minhas mãos.

ALTAR PARTICULAR – Maria Gadú

A convite de uma amiga, Georgianna, fui assistir ao show de uma menina cantora, Maria Gadú. Sem pretensão nenhuma e curioso em ver e ouvi-la – afinal um show na Aliança Francesa de Botafogo não seria a minha opção de sexta-feira à noite –, me preparei, confiante na indicação da minha amiga.No palco, acompanhada apenas pelo percussionista Doga, com um violão emprestado e sentada num banquinho com as pernas cruzadas sobre ele, dá o seu “boa noite” com um ar despojado, meio atrevido, um “quê” de Cássia Eller. Vestida de maneira a não ser identificada nem como roqueira e nem como uma cantora de raízes populares (samba, choro ...), estabelece uma dúvida do que vem por ali. Mas, ao cantar, todas as expectativas nascidas de seu visual, caem por terra. Surpreende e nos deixa atônitos. A surpresa é grande. Não só pela voz, mas pelo trabalho de composição das letras e músicas. Seus trabalhos são doces, frescos... remetendo uma poesia regional. Bucólico.

Maria é tímida, fala pouco, muito pouco, em seus shows. Um "muito obrigado" logo após a execução de uma música e outra é o que nos permite ouvir, ainda assim muito timidamente, acompanhado por um sorriso acanhado, que teima em esconder entre seu corpo frágil e o violão. Difícil fazê-la falar e mencionar mais informações sobre as canções. Mas não deixa de dar créditos as canções que não são suas, por isso, por eliminação, supõe-se que aquelas que não são mencionadas, sejam de sua autoria. Mas para que falar quando o negócio é cantar.

Ao ouvi-la, a princípio, tendemos a compará-la com outras cantoras. Fica fácil a comparação com Marisa Monte, uma de suas cantoras favoritas a quem ouviu muito quando ainda pequena (?), junto com Adoniran Barbosa. Adriana Calcanhoto (talvez pela timidez e aspecto físico) e Vanessa da Mata (pelo ar "regional" que deixa transparecer em algumas letras), seriam outras duas opções. Mas Maria é Maria. É singular. É particular em seu altar.

Tive a sorte de assistir ao show com a participação do grande Leozinho, Leandro Léo. Leozinho vem a ser uma das crianças, hoje crescido, que participaram do programa Gente Inocente da Rede Globo, apresentado pelo ator Márcio Garcia. No show, ele foi o contraponto da Maria Gadú. Espevitado, alegre e comunicativo, não cabia tanta alegria naquele quase 1,60m de altura. Muito bom ver os dois cantando, uma boa sinergia, cuja a história é traçada dos tempos em que cantavam num bar na Barra da Tijuca.

Essa paulistana, que começou a cantar nas noites de São Paulo com 14 anos de idade, muito embora aos 6 já tivesse traçado o seu destino, sentia-se distante do ambiente natural de sua idade ao qual deveria estar vivendo, pois convivia com pessoas mais velhas do que ela. Desde cedo escutou música clássica, e ainda aprecia Chico Buarque, como compositor, e o Clube da Esquina – Beto Guedes, Milton Nascimento e Lô Borges. Andou um pouco pelo mundo até chegar ao Rio de Janeiro. Em agosto de 2007, foi para a Europa junto com o Doga para participar de um Festival de Música; de lá, partiram para um tour pelo continente, tocando nas ruas e se divertindo.

Prepara o seu primeiro CD pela Som Livre, com 9 músicas de sua autoria, praticamente um trabalho autoral. Não deverão faltar “Bela Flor”, “Altar Particular”, “Linda Rosa” e “Shimbalaiê” – sua primeira música.

Agora é aguardar ou, quem quiser conferir, assistir aos seus shows (vejam a programação abaixo).

“Deixa estar que o que é pra ser vigora... eu sou tão feliz”

Shows no Cinematheque em 3 Domingos, às 20h. Dias 12, 19 e 26 de abril

Rola lista amiga por R$15,00 . Mandem os nomes para ela pelo orkut mesmo
Sem nome na lista é R$20,00

Cinematheque

R. Voluntários da Pátria, 53 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ
Tel: (21) 2266-1014

www.myspace.com/mariagadu