
Mas a história, hoje, é outra. Agora, é a vez do gago, sim, aquele que é reconhecido pela disfunção neurofisiológica que rompe a fina e precisa sincronia pneumofonoarticulatória necessária para a produção da fala. Confuso, né? Mas tão fácil de identificar. Os gagos estão cada vez mais populares e carismáticos. Não há quem não se encante e solidarize com eles. Há, até, quem compartilhe, temporariamente, a sua disfunção.
Lembrando os personagens gagos que criaram fama, a lista é grande. A começar pelo porquinho atrapalhado e constantemente atormentado pelo Patolino, o Gaguinho, criado pela Looney Tunes em 1935, passando pela personagem de Dirceu Borboleta da novela “O bem amado” (Emiliano Queiroz), e culminando com a personagem que ganhou o Oscar de melhor ator 2011, George VI (Colin Firth) no filme “O Discurso do Rei”. E a lista desses personagens continua com Rui da Silva (José Vasconcelos)da “Escola do Professor Raimundo”, Téo (Marcos Frota) da novela “Vereda Tropical”, Caio Szemanski (Antonio Fagundes) da novela “Rainha da Sulcata”, Fabrício (Murílio Benício) da “Fera Ferida”, e mais recentemente Cristiano (Paulinho Vilhena) da novela “Morde e Assopra”, entre tantos outros.
Saindo da área audiovisual e invadindo a área musical, o curioso, nesse caso, é que os gagos não gaguejam quando cantam. O mais famoso dentre eles foi o cantor Nélson Gonçalves, falecido em 1998.
Mas, muitos sem tanta notoriedade, tornaram-se famosos pela sua gagueira, ou pelo menos, foram impulsionados por ela, graças à mídia. Antes do boom das redes sociais e sites de vídeos, David Brazil alcançou a fama pelo jeito peculiar e simpatia. Deixou a carreira de relações públicas de uma rede de restaurantes e conquistou o patamar de celebridade. A lista não para de crescer se incluirmos os vídeos de gagos anônimos na internet.
E por falar em anônimos, hoje, parece obrigatório incluir um gago na criação de um grupo seleto e diversificado de personagens, seja num reality show ou na própria composição de uma história repleta de tipos diferentes. Essa foi uma das opções, por exemplo, do personagem Fabinho da peça “Clandestinos”. Fabinho, o personagem de um diretor de teatro, ao compor o grupo de personagens para a sua história, chega a pensar em um gago, mas o exclui, exatamente por este motivo e não possibilitar um riso fácil na plateia. Mas o personagem revela-se como um modelo que cansado do estereótipo da profissão se faz passar por um gay que finge ser gago... confuso, mas, mais uma vez, divertido.
A gagueira dá tão certo que acompanha o ator em outros personagens. Mal acabou de se despir do gago Íçaro na novela “Bela a Feia”, o ator Rafael Primot utiliza do artifício para construir outro personagem, o escritor tímido e patologicamente romântico, Matt, na peça “Inverno da Luz Vermelha”. Mas, dessa vez, o riso é contido e nervoso, beirando a uma ligeira compaixão.
Em tempo: o velho Coutinho, não tinha nada de gago.
Mais alguns Gagos conhecidos
James Earl Jones - Ator contemporâneo, norte-americano.
Bruce Willis - Ator contemporâneo, norte-americano.
Aristóteles - (384-322 a. C.), principal filósofo grego da antiguidade.
Hipócrates - (460-332 a. C.), filósofo grego.
Moisés - (século 12 a. C.), antigo sábio.
Lewis Carroll – (1832-1898), escritor, autor de “Alice no País das Maravilhas”.
Charles Darwin – (1809-1882), naturalista, autor de “A Origem das Espécies”.
Winston Churchill – (1874-1965), primeiro-ministro da Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial.
Marilyn Monroe – (1926-1962), atriz de Hollywood.
foto retirada do portal gagocoutinho.wordpress.com