sábado, 3 de abril de 2010

HERÓI




HERÓI
Quem são os nossos heróis? Serão os nossos pais?
O que é ser herói? Superar obstáculos e tornando-se vencedor não importando como?


HERÓI NA GALERIA
No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Wagner Malta Tavares marca os dez anos de trabalho dedicado à arte. A escultura “Herói”, que dá título a exposição, é composta de um ventilador no qual uma capa vermelha tremula indicando o voo de um super-herói.

O artista trabalha com efeitos especiais, tímidos e simples, que não se escondem. São honestos. Mais do que honestos são trágicos. Tem plena consciência de que a ilusão como projeto, como utopia se tornou impossível. “O outro lugar, os mundos fantásticos só aparecem agora para mostrar a nossa fraqueza e os riscos que corremos”.

17 de março 2010

http://www.dasartes.com/site/index.php?option=com_eventlist&view=details&id=683:heroi--wagner-malta-tavares&Itemid=48


PODERES COMUNS
Outra forma de arte a exultar os heróis é mostrada por um grupo de professores da UNIRIO. São os “Heróis do Cotidiano”. A proposta é muito interessante. O coletivo trabalha na cidade por meio de intervenções e performances artísticas com o intuito de mostrar que pequenos “gestos” heróicos podem ser feitos por qualquer um no dia a dia.

Eles já limparam estátuas, fizeram mutirão voluntário em cartório e deram plantão em hospitais públicos, atendendo aos pacientes na recepção.

Segundo eles, a ideia é questionar o papel do “herói” de forma poética. Ações de solidariedade e cidadania passam a ser encaradas como atos de heroísmo.

Vestidos com capas, botas, óculos, capacetes e malhas que aludem os uniformes dos super-heróis, saem pelas ruas como paladinos da justiça.

25 de março de 2010


BBBIAL
Eu sei que para o Pedro Bial os heróis são aqueles que ficam mais de 90 dias à disposição no reality show da TV Globo, Big Brother. E, nessa semana, o grande herói-vencedor foi anunciado. O temido adorado Dourado foi o vencedor da peleja.

Não costumo assistir a esse programa, mas por falta de programação, acabei um dia me deparando com uma situação que me fez continuar a assisti-lo até o seu final.

Deparei com uma situação em que um grupo confinado num ambiente chamado “puxadinho” – alusão ao barraco (eu queria ter um barraco assim) – reclamava e criticava o outro grupo confinado na “casa de luxo” (aí, nem se cogita). Vi naquela situação algo muito similar em que às vezes estamos envolvidos. Mentiras, insinuações, invejas, fofocas... essas coisas todas que conhecemos. Mas, o que mais me atraiu, foi querer saber se o que eu via os outros viam também.

Os do “puxadinho” criticavam o outro grupo por estarem “jogando”, por estarem “combinando voto”, por serem “autoritários e conduzirem os demais do grupo”, enfim coisas normais de um jogo desses, onde se requer também liderança. O que eles queriam? O que eles foram fazer lá? Não foram para jogar e ganhar prêmios e 1 milhão e meio de reais?

O tempo vai passando, e cada um do grupo do chamado “puxadinho” vai sendo eliminado. Aí eles se perguntam: será que estamos errados? Sim, de uma certa maneira, estavam. A inveja e a profunda preocupação com o comportamento do outro grupo, os cegaram. Para eles o “puxadinho”, e tudo o que isso significava – por mais que fosse acolhedor e estruturado –, não era “melhor” do que o status da “casa de luxo”.

Em sua grande parte, o programa estimula sentimentos e situações ruins, como inveja, fofoca, mentira, ódio, discussão, briga, inimizade, até mesmo a amizade estava encobertada por uma nuvem de aliança de conveniência para a permanência na casa.

Não posso negar que a edição do programa e as situações em que são colocados os concorrentes eram muito engraçadas. E a partir daí, me condicionei a rir e não me amargurar com as injustiças. As pérolas ditas por esses “heróis” são dignas de várias edições. O que dizer dos equívocos do Eliéser? Da falta de espelho da doutora Elenita? Do ciúme da Lia? Da escandalosa e faladora Anamara? Do chato do Dicesar? Do deslumbrado Serginho? Mas isso é que faz com que o programa tenha popularidade e audiência.

Eu sempre torci pela Fernanda. A que buscava uma postura correta e que batalhou sempre em todas as provas. Tinha simpatia, também, pelo Cadu, mas o Dourado era o mais honesto e franco, na medida do possível. Por ser rude e pouco polido isso ficava mais evidente. Não sei se fazia parte do jogo. Uma vez ele falou claramente que ele olhava para as câmeras enfatizando alguma situação para colocar em evidência a falha do outro.

Prometo que não assisto mais.

Algumas pérolas:

Depois da tempestade vem a “bonanza”, cheio de coisas boas e iluminadas.
Ele é inteligente “igual a eu”
Brasil é com “z”
Você é surtado. Surtado? Eu tirei o cabelo do nariz (?!)
Fazer “pó de chinelo”.
Aquela baleiazinha do filme “Procurando Nero”.
Chuva de “granito”.
Depois daquelas “prezopopéias” todas que ele falou. Sei lá o que é isso...

30 de março de 2010.

http://www.youtube.com/watch?v=WAHKGTPayew&feature=related


SONHOS ESMAGADOS
Dia desses, li um texto de Roberto da Mata sobre “pureza e perigo”. Tratava-se da tese de uma antropóloga inglesa, Mary Douglas, sobre a associação entre as pessoas puras e inocentes e o perigo delas tornarem-se despudoradas. Era como se não tivessem moral, regras, estando à mercê do infortúnio.

Por analogia, ele faz o mesmo com a generosidade e o sucesso, as pessoas que o possuem tornam-se alvo de inveja. E ele exemplifica com o personagem bíblico José.

“Se você acha que estou exagerando, leia a história do bíblico José, traído pelos irmãos e vendido a um mercador. Não foi por acaso que ele se transformou num grande decifrador de sonhos, pois quem tem seus sonhos esmagados pelo ressentimento e pela arrogância dos que estão na sala ao lado torna-se um especialista em ilusões.”

17 de março de 2010


COMEMORAÇÃO
Outra coisa que me incomodava muito no BBB 10 eram as comemorações após a eliminação. Manifestações de alegria e poder diante do derrotado.

No finalzinho desse mês, fomos vítimas do julgamento do Casal Nardoni. Aquele que foi acusado de matar a menina Isabella. Pai e madrasta foram condenados a 31 e 26 anos, respectivamente, de prisão. O que vimos do lado de fora foi uma multidão em êxtase. Um grupo com mais de 300 pessoas, composto por mulheres e crianças de colo. Muita comemoração com euforia e fogos de artifício.

Nesse caso, o herói foi o promotor Francisco Cembranelli e a justiça foi manifestada.

26 de março de 2010


ALMA MATER
Era um dia de céu azul, no carro ar condicionado e a minha visão era de um paraíso. Minha amiga, Dinha, dirigia. Ela, por mais que negue, ainda tem incrustada a alma melancólica de terras de além mar. A visão do paraíso era um céu azul que se misturava com um mar sem fim. A terra quase branca, lembrava-me, a todo tempo, que não estava a navegar sobre aquele paraíso, mas em terra, dentro de um carro que rodava numa estradinha, num pequeno monte, que fazia a comunicação entre o condomínio de Atalaia e as praias de Arraial.

Foi nesse dia que descobri a música da minha vida. Foi Dinha quem me apresentou. “Alma Mater”, de Rodrigo Leão, compôs a trilha daquela cena. O celular toca: era alguém perguntando por mim e se dizendo cheio de saudades.

Agosto de 2002.


CIRANDA CIRANDINHA
Já faz algum tempo, mas outra música que marcou – não só a minha trajetória, mas como de muitos outros da minha geração – foi a música composta especialmente para o seriado da TV Globo, Ciranda Cirandinha.

O seriado contava a história de 4 jovens que dividiam um apartamento na Zona Sul do Rio. Fábio Junior, Lucélia Santos, Jorge Fernando e Denise Bandeira formavam o quarteto.

Num episódio “Toma que o filho é teu”, Fábio Júnior canta “ Pai...você foi meu herói meu bandido, hoje é muito mais muito mais que um amigo”.

Em 1978

http://www.youtube.com/watch?v=dBX1DA8b47k
http://www.youtube.com/watch?v=9ZfAJ2hKvIE&feature=related


FIUK
Hoje, quem abre a cena é o filho do pai de 78. Fiuk (não me pergunte o porquê do nome), atualmente na Malhação (tempo bom do Ciranda Cirandinha), estreia no cinema em “ As melhores coisas do mundo”.

O filme conta a história de um adolescente e a transição para a vida adulta. O protagonista não é o Fiuk, mas a diretora é a talentosa Laís Bodansky ( “O bicho de 7 cabeças”, “Chega de Saudade”), roteiro do maridão Luis Bolognesi, produção da querida Gullane Filmes, dos irmãos Fabiano e Caio, e o patrocínio não poderia deixar de ser da Petrobras. Seria perfeito se ainda estivesse por lá.

Terça, estarei sentadinho para assistir mais uma bela produção dessa equipe.

6 de abril de 2010

http://www.warnerlab.com.br/asmelhorescoisasdomundo/site/

AINDA PROCURANDO POR HERÓIS?
Mas, afinal, onde estão os nossos heróis? Ayrton Senna, Renato Russo, Joana D’ Arc, Maria Quitéria, Ghandi, Carmem Miranda, Fernando Pessoa, Amália Rodrigues, Chico Xavier, John Lennon... Acabamos por confundir os nossos ídolos com os nossos heróis? Será que eles tornam-se heróis após a sua morte?

Adriano, Maurren Maggi, Zico, Jade Barbosa, Ronaldo, Cielo, Diego Hypólito, Marta, Hortência... seriam esses? Que rompem obstáculos físicos e superam as limitações do próprio corpo?

Lula, Cabral, Ibsen, Marina, Paes, Gabeira, Lindberg...ou os nossos políticos que têm a obrigação de lutar e brigar por nossos direitos... seriam esses os nossos heróis?

Caetano, Madonna, Marisa Monte, Herbert Vianna, Perfeito Fortuna, Adriana Calcanhoto, Ferreira Gullar, Felipe Hirsch, Almodovar, Juan José Campanella, Miguel Esteves Cardoso, Fábio Jr, Maria Bethânia, Fernanda Montenegro, Sérgio Brito, Hamelin... aqueles que identificam e fazem aflorar os nossos sentimentos?

Super-Homem, Mulher Maravilha, Batman, Aquaman, Homem Aranha, Homem de Ferro, Thor, X-Men. Os nossos heróis são apenas frutos da imaginação.

O meu voto vai para o herói anônimo. Aquele que não tem nada que o evidencie, e como uma pessoa simples vai sobrevivendo com talento e força, superando as vicissitudes que a vida lhe coloca no caminho.

Meu voto vai para o menino que chorou com a morte de seu “herói”. Vai para o menino que não se intimidou com a fragilidade e com a insegurança de sua própria vida. Que escolheu o caminho da arte para suplantar os obstáculos e tornar-se antes da vitória um vencedor pelo trabalho e dedicação imposto por ele mesmo. Pela alegria e pela tristeza. Pela força e dedicação.

O meu voto é para o menino Diego Frazão Torquato, Diego do Violino do AfroReggae, que faleceu de leucemia descoberta tarde demais. Premonição de herói que a fatalidade antecipou ao status de mártir.

1 de abril de 2010


SERÁ

Tire suas mãos de mim



Eu não pertenço a você



Não é me dominando assim



Que você vai me entender



Eu posso estar sozinho



Mas eu sei muito bem aonde estou



Você pode até duvidar



Acho que isso não é amor.



Será só imaginação?



Será que nada vai acontecer?



Será que é tudo isso em vão?



Será que vamos conseguir vencer?



Nos perderemos entre monstros



Da nossa própria criação



Serão noites inteiras



Talvez por medo da escuridão



Ficaremos acordados



Imaginando alguma solução



Prá que esse nosso egoísmo



Não destrua nosso coração.



Será só imaginação?



Será que nada vai acontecer?



Será que é tudo isso em vão?



Será que vamos conseguir vencer?



Brigar prá quê?



Se é sem querer



Quem é que vaiNos proteger?



Será que vamos ter



Que responder



Pelos erros a mais



Eu e você?

Em 1978

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