domingo, 27 de maio de 2007

ABCdário

Aqui, eu começo os textos da viagem que fiz em outubro. Para ficar um pouquinho diferente, escrevi de forma de ABCdário. Viajei por 30 dias pela Espanha e Portugal.

ACHAR. Achar qualquer coisa na Europa é muito difícil, principalmente EURO. Nem um cent! Um dia, estava precisando de uma moedinha para completar uma passagem de auto-carro (ônibus), evitando, assim, de usar uma nota de 20 ou 50. Nada! Não teve jeito. Para não dizer que nao achei nada, achei a entrada da boate (de uma outra pessoa), que dava direito a um drink. Procurei o dono da entrada e devolvi. O meio faz a pessoa, e mesmo que não fizesse, sou assim por naturaza. Outra coisa que achei, e que nao valeu de nada, foi um piruzinho de papel… nao servia para nada mesmo.
AMBROSIA é uma loja de produtos conventuais da idade média que visitei em Girona. Doces dos Deuses. Foi nessa loja que encontrei um dos poucos simpáticos espanhóis pela viagem. A loja dava o clima do lugar.

BAIRRO ALTO. Ao Bairro Alto fui muitas vezes, a noite e de dia. De dia não se tem muito o que fazer. Mas descobri algumas lojinhas muito interessantes por lá. Destaco duas. A primeira delas é dedicada a um tipo de fotografia com uma máquina especial, uma espécie de Polaroid com um recurso gráfico. É um pouco difundida pela Europa e tem lojas especializadas vendendo-as e, na altura, estavam fazendo um concurso entre seus proprietários. Devo ter perdido o papel com as referências da máquina e, agora, não sei informar o nome, sei que ficava na Rua da Atalaia. Foi lá, que pela primeira vez, tive contato com as publicações – sobre eventos, moda, agenda …sobre tudo – que são distribuídas gratuitamente em alguns bares, restaurantes e lojas. Escreverei delas mais adiante.

A segunda loja, também na Rua Atalaia, chamou-me atenção pelo desenho de seus personagens estampados nos mais diversos objetos (t-shirts, canecas, marcadores de livro, chaveiros, blocos etc). Coisas com história tem a proposta de promover um Portugal tradicional, com seus personagens mais famosos (Camões, Eça, Fernando Pessoa, Amália), outros nem tantos (Camilo Castelo Branco, Beatriz Costa, Almeida Garret), personagens do povo (galo de barcelos, alcoviteira, fidalgo, frade, enforcardo) e os pontos turísticos de forma jovem e divertida, criando, assim, interesse pelo passado de forma revigorada. Vale a pena saber mais da proposta dos seus responsáveis, acessem o site http://www.coisascomhistoria.com/ . Segundo eles: Estamos no presente, a fabricar o futuro, com o exemplo do passado.

A noite, é outro história. As pequenas ruas do Bairro se abrem para a juventude bonita e cosmopolita de Portugal. Fiquei impressionado com a beleza daquele povo e me arrependi de não ter tirado mais fotos. Principalmente de uma bela arquiteta que já esteve a trabalhar aqui no Brasil. Passei por vários cafés, bares, boates e restaurantes. Alguns eu recordo o nome: ar puro (onde não se fuma), arroz doce, lei seca (http://www.leisecabar.com)-/ entrem nesse site e escutem a música, é o bom brasil invadindo a Europa por Portugal - , mezcal, favela chique, janela d’atalaia, sétimo céu... Mas foi num bar com decoração a Jazz, que não recordo o nome, que os amigos Miguel e Mônica nos levaram. Sim... nos levaram, porque nesse dia tive a visita surpresa de outro amigo, Rogério. Fomos os 4 para o Bairro Alto, mais uma vez, tomar uma “caipirinha”. Lá encontramos uns amigos do casal que moram em Nova York, fazendo o mesmo.

Logo quando cheguei, Miguel, Mônica e Sara levaram-me para jantar no Bairro. Fomos a um restaurante bem típico, nada de decoração moderna. Gambas foi o meu prato. Mas o que ficou na minha memória degustativa foi o doce alentejano, Pão de Rala. No dia seguinte, sozinho na capital, voltei ao Bairro à noite, e fiquei na porta do Bar Portas Largas. Como o próprio nome diz, as portas são largas e da rua pode-se ficar assistindo o que estiver passando no telão. E, nessa noite, tive a companhia de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown e seus Tribalistas. Nessa noite não me senti só no Bairro Alto. Aliás, diga-se já, a música brasileira é muito escutada em Portugal, e Marisa monte é um nome conhecido em algumas cidades por onde passei ou por onde tive contato com seus moradores, como: Lisboa, Porto, Barcelona, Madrid, Paris e Viena.

BANHO. Tomar banho, para nós dos trópicos, é imprescindível. E não caiam na besteira de falar que os europeus não tomam banho. Eu tenho outra tese para o mau cheiro que às vezes assola as nossas narículas dentro do metro, auto-carro e mercados. Mas, banheiro e, principalmente, o banho são capítulos à parte nessa viagem.

Assim que cheguei no velho continente, depois de ter resolvido o meu problema da bela recepção na cidade alemã, Frankfurt, fui para o hotel indicado pela Varig para passar a noite que não tinha previsto. No banheiro do hotel deparei com um vaso sanitário limpo e moderno. Percebi que quando sentava, as perninhas ficavam balançando. Os meus pés não chegavam confortavelmente até o chão. Alemão é grande, né gente? Mas, em compensação, na banheira, quase que encostava a cabeça no teto. Por que será? Por que essa diferença de parâmetros entre as duas alturas do banheiro?? Será que na hora do banho o alemão reduz a sua altura? Sabe como é a tecnologia do velho (¿) continente ( esse computador tá maluco, adotou os parâmetros da escrita española, será que é conspiração?). A resposta vem logo. Entrei na banheira para tomar banho e me deparei com um dos problemas mais recorrentes da viagem. Já sabia do costume do povo europeu em tomar banho com ducha e sabonete líquido (você não encontra sabonete em barra, apenas nos hotéis). Isso para mim não seria problema. O misturador, também, já não era novidade. Em todos os banheiros que fui – escrevo TODOS -, o misturador era aquele com apenas uma “manivela” que ao girar para direta temos água fria, para esquerda água quente e para cima muita água. Um luxo! Tudo bem. Liguei a torneira e só saía água para banheira. E como não sou estrela de cinema e nem Rita Lee acostumada a tomar banho de espuma, procurei uma maneira de tornar a ducha um chuveiro. Chuveiro Baixo, deixa-se claro. O suporte para ducha já havia encontrado, mas como fazer a água sair pela ducha e não pela torneira da banheira? Para não ser pego desprevenido, com um jato de água fria nas costas, não coloquei a ducha no suporte, deixei-a onde estava, apoiada na torneira. Vi um pininho, bem em cima da torneira, tratei de apertá-lo e, mais do que de repente, a ducha tomou vida, num salto lançou-se ao ar como uma serpente Naja me atacando a cara. Com a pressão da água, a ducha tomou vida e me jogou ao chão da banheira. Por sorte não me machuquei. Lição número um: nunca fique muito perto do problema a ser resolvido, tome um certo distanciamento, assim a sua análise poderá ser mais abrangente e não correrá riscos.

Por todos os banheiros que passei alguns me chamaram atenção. No próprio hotel de Frankfurt, no banheiro do Lobby, para cada mictório um cinzeiro. Isso mostra como o povo gosta de fumar. E no banheiro da rodoviária de Caldas da Rainha, cidade que parei a caminho de Óbidos (Portugal), não tinha vaso sanitário. Apenas um buraco e dois lugares para colocar os pezinhos. Isso deve ser para fortalecer as coxas do povo e deixar o bumbum como o dos (as) brasileiros (as), empinadinho.

BARCELONETA.De um polo ao outro, passamos, agora, para Barcelona, Barceloneta. Barceloneta, pelo que entendi, é um bairro com umas dezenas de quarteirões todos rigorosamente ordenados. Próximo a praia, onde temos um local com mesmo nome, não seria nada demais, se não estivesse, no dia em que passei por ela, toda enfeitada.

Era domingo, dia 1 de outubro, o povo de Barcelona estava extasiado com uma apresentação na praia da frota de aviões de caça de sua forças armadas. Os aviões rasgavam o céu e faziam um barulho que interrompia a tranquilidade que o céu e o mar nos proporcionaria. A extensão de toda a praia estava ocupada pelas pessoas olhando para o alto, parvos, admirando as manobras dos aviões.Voltando a tranquilidade das ruas de Barceloneta, em cada uma delas, uma decoração diferente. Em cada uma, uma festa diferente. Enfeitaram as ruas, colocaram mesas e uma mesa central onde serviam as comidas, mais ao fundo um palco. Assim, eles comemoravam o dia de sua padroeira.

BARRIGA. Por incrível que pareça, os europeus não tem problema com a barriga. Seja homem ou mulher, a maioria tem a sua. Levemente proeminente, diga-se já. O alcaide de Madrid, por exemplo, proibiu que modelos demasiadamente magras desfilem em eventos de moda. E, em outra esfera, na França há subsídios para que as mulheres aumentem a barriga e, passado 9 meses, ajudem a gerar uma população mais jovem. Isso tem dado resultado, e o índice da taxa de fertilidade das francesas aumentou, é o que eles estão chamando de Baby Boom.

BICI. É assim, de forma reduzida, que chamam a bicicleta em Sevilha. Foi em Sevilha que andei de Bicicleta com Taciana e Giuliano. Foi uma sensação boa, estar andando pelas pequenas ruas e grandes avenidas de Sevilha. A tardinha até anoitecer, andei pelas ruelas do Bairro Santo Cruz com sua arquitetura típica, entrei pela Avenida Menédes Pelayo, e atravesei o Parque Maria Luisa e parando em frente a Praça de Espanha para admirar a noite… foi muito bom.

BONIC. Em Barcelona, fiquei hospedado no charmoso hotel Bonic, do amigo Fernando. Fernando foi um dos bons contatos que estabeleci antes da viagem. Fora ele, tive contato com a Sara em Lisboa, Pedro no Porto e Jack em Madrid. O Bonic, como já tinha dito, é a extensão de nossa casa. Simples e aconchegante, cuidadosamente decorado. Tem aspecto refrescante e iluminado. Não são mais do que 15 quartos, todos distintos em sua decoração. Cores levemente cítricas dão a energia suficiente para restabelecermos a “gana” depois de um dia de muita andança. Era uma sensação maravilhosa quando chegava da rua e abria a porta do Bonic. O frescor e o aroma que o ambiente proporcionava era um bálsamo depois de um dia estafante.

O atencioso Fernando, junto com a Macarena, e a eventual ajuda do Richard, mantem o Bonic sempre um brinco. Logo cedo, tomava o meu café da manhã, com pão, queijo, presunto, iogurte, bolinho ou um croissant recheado com choclate, fruta (abacaxi ou melão), suco de laranja, café ou chá, ao som de música brasileira (Bebel Gilberto era a que mais tocava). Acessava a internet e depois ia para a rua. Nossa!! Era muito bom.

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